“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

domingo, 27 de dezembro de 2015

A saga das sagas

    "Star Wars: O Despertar da Força"/"Star Wars: The Force Awakens", de J. J. Abrams (2015), representa o muito aguardado e desejado regresso de personagens e de uma narrativa múltipla que nos são familiares. Baseado nas personagens criadas por George Lucas, este VII episódio tem argumento de Lawrence Kasdan, também co-produtor, Michael Arndt e do próprio realizador, também produtor, embora aqui seja fundamental referir a produção da Disney e a composição digital, de novo a cargo da Industrial Light and Magic.                        
                      
     Claro que esta saga de ficção científica no passado se destina sobretudo a um público juvenil - mas haverá que observar que a juventude de agora não é a mesma dos anteriores episódios -, claro que a ela estão associados um grande negócio de gadgets e memorabilia (expostos em Lisboa no 7º Piso do El Corte Ingles) e sobretudo múltiplos jogos de vídeo, o que, desde que surgiu, embora original não tem nada de especial. O que aqui importa realçar é que o tempo passou também para Han Solo/Harrison Ford e a Princesa Leia/Carrie Fisher, o que é muito bem explorado narrativamente pelo filme.
     De facto, agora é o filho de ambos que, invocando o avô, lidera as forças do Primeiro Círculo, sob o nome de Kylo Ren/Adam Driver, o que mantém o lado familiar da saga, que nela é muito importante. As novas personagens, nomeadamente Rey/Daisy Ridler, Finn/John Boyega e Poe/Oscar Isaac, são, por isso, todas elas mais novas, e vão ter de ser eles a liderar o combate. De novo também um robot, BB-8, além dos anteriores robots e criaturas, que ele porém excede em importância narrativa.
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    Toda a parte de animação digital está, como de costume, muito bem, e nela reside um dos maiores motivos de interesse cinematográfico de cada um dos episódios desta saga. A evolução aqui registada é muito importante (não, não vou revelar nada mais do filme) e vem permitir relançar a saga para próximos episódios, ainda com Luke Skywalker/Mike Hamill que, motor da narrativa, só fugazmente surge no final.
     Por mim esta é a melhor saga de ficção científica, atendendo às suas implicações temporais ao situar-se num passado remoto, às características do combate mitológico que encena e à panóplia de efeitos visuais e digitais que mobiliza, muito embora "Star Treck", que Abrams já dirigiu para cinema em 2009 e 2013, seja um rival à sua altura, mas mais preso à possível actualidade futura da exploração do espaço. A invenção desta saga terá sido mesmo o maior contributo de George Lucas para o cinema.   
                     star wars
      A referência a J. J. Abrams não deve passar sem mencionar que ele, que aqui se sai naturalmente muito bem como realizador ainda que "Star Wars: O Despertar da Força" tenha uma carga mítica atenuada em relação aos episódios anteriores, foi o criador da série televisiva "Perdidos"/"Lost", que marcou uma época entre 2004 e 2010. E se puderem vejam o filme em 3D.

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