tag:blogger.com,1999:blog-4230740887348321004.post3535359681105894198..comments2020-04-04T16:25:16.506+01:00Comments on Some like it cool: O método de HanekeCarlos Melo Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-4230740887348321004.post-82182605530160047352013-02-03T14:32:59.159+00:002013-02-03T14:32:59.159+00:00O fim não está no princípio, ao contrário do que s...O fim não está no princípio, ao contrário do que se poderia pensar. A hipótese benévola de que tudo não tivesse passado de um devaneio de Georges durante o concerto inicial pode ser descartada pela forma precisa e impiedosa, à sua altura, como Michael Haneke situa o filme a partir do seu início, sem deixar pontas soltas que possam ser recuperadas no fim. Não, “Amor” não é apenas um devaneio de velho professor, é o que entre o casal foi preparado ao longo do filme. Talvez seja mesmo esse lado pouco gentil do cineasta que afastou alguns deste filme, que não deixa qualquer espaço para qualquer tipo de consolação, mesmo no tempo. Preciso, o cineasta começa por um depois, que anuncia o filme, e termina no seu fim justo, sem espaço para manobra. Penso que é isso que alguns não lhe perdoam: ter feito um filme não sobre a ideia do fim mas sobre a sua realidade mesma, sem lamechices melodramáticas mas como uma pura e simples realidade da natureza humana. Como todos sabemos.<br />O espaço para a fantasia é, a meu ver, o sonho de Georges e, no final, quando a água começa a correr na cozinha para Anne, até ele sair também de casa. Atrás dela. Carlos Melo Ferreirahttps://www.blogger.com/profile/02763750308043093306noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4230740887348321004.post-11500146746631402682013-01-30T16:26:10.530+00:002013-01-30T16:26:10.530+00:00… quanto ao fim do filme?
Julgo haver duas possib...… quanto ao fim do filme? <br />Julgo haver duas possibilidades. Efectivamente o fim pode estar no início do filme, na precisa ocasião em que a casa é violada. Em particular o quarto, que é aliás uma espécie de túmulo que vimos ser preparado por Georges, é realmente devassado: janelas aberturas, corrupio de polícias e bombeiros, etc.... <br />Mas o fim pode também iniciar-se com a cena da água a correr e a loiça a ser lavada por Anne. Significa que o filme, que é já ficção, dobrou-se sobre mais ficção. Tudo o que de seguida acontece, ficção dentro da ficção, é anúncio de fim que está próximo: Anne a vestir o casaco, a chamar Georges, este a vestir o casaco e sair com ela de casa e a fechar a porta. Ele é o último, naturalmente não sabemos o que lhe aconteceu, mas sabemos, isso sim, que ele deixa a partir daquele momento de existir. Depois a filha regressa, ocasião para a ficção inicial, a que é própria do filme, regressar também. A casa está agora vazia como lugar do nada, e para provar que a casa já não é alma de ninguém, ela percorre-a debaixo de um silêncio absoluto, onde não há qualquer sinal de respiração. Nem sequer precisa de ir ao quarto onde a mãe morreu e foi encontrada. Para reforçar bem esta ideia de fim, como sinónimo de "depois de tudo o que aconteceu" ela senta-se no lugar do pai. Ela só poderia fazer isso, após todo aquele sucedido: morte da mãe, identificação do corpo, reconhecimento da não existência do pai. Por isso, o fim é a prova de que nenhum dos dois existe e de que o amor acompanhou a morte.<br /><br />AJR<br />01_2013<br /><br />A26rebelohttps://www.blogger.com/profile/14607610126700328810noreply@blogger.com