“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sábado, 16 de abril de 2016

Revisto e actualizado

   Baseado na peça de Henrik Ibsen datada de 1892, "Solness, le constructeur"/"Solness" de Michael Klette (2015) é um filme sóbrio e soberbo que, com grande economia de meios, nos transporta ao drama íntimo e exterior de um arquitecto, Solness/Thomas Sarbacher, em perseguição da obra perfeita que ainda lhe falta, se faltar.
   Procurando ânimo em Hilde/Julia Schacht, estudante de arquitectura muito mais nova do que ele, depois da morte dos seus dois filhos, o protagonista percorre a sua carreira e obra ao preparar um futuro que não se quer definido à partida. Também autor do argumento e da adaptação, o realizador, encenador de teatro com grandes provas dadas, consegue resolver em termos espaciais e arquitectónicos um filme que preserva toda a força e o impacto do original teatral.     
                        Solness
    Michael Klette explora todos os espaços em profundidade, em altura vistos de baixo e de cima, interiores e exteriores, em que se move o protagonista, com uma segurança e uma sageza impressionantes, por forma a tornar este "Solness" uma lição do tratamento do espaço e da arquitectura no cinema - e do mais graças a uma montagem seca e curta mas inspirada ela também.
   Com um protagonista forte e cheio de certezas que a dúvida atravessa interpretado por um excelente Thomas Sarbacher, este um filme exemplar sobre a ambição, a criação e a decadência, situado num tempo, a actualidade, em que todas estas questões se defrontam e digladiam. Com apenas alguma experiência de trabalho como argumentista para televisão, o realizador aproveita a sua experiência teatral para, nesta sua primeira longa-metragem, em termos cinematográficos ter tudo, conflitos pessoais e geracionais incluídos, no seu lugar certo num espaço filmicamente tratado de forma superior.
    Passou esta semana no Arte.

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