“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Os livros de 2015

     Em 2015 saíram em Portugal livros importantes sobre cinema e as artes visuais próximas para os quais aqui me cumpre chamar a atenção. Começo por "Obra Escrita - Volume 2", de João César Monteiro (Lisboa: Letra Livre, 2015), que publica os guiões de "À Flor do Mar" (1986) e "Recordações da Casa Amarela" (1989), e "Crónicas: Imagens, Proféticas e Outras - 4º Volume (2007)", de João Bénard da Costa, com edição de Lúcia Guedes Vaz (Lisboa: Sistema Solar/Documenta, 2015), ambos devidos e absolutamente indispensáveis.
     Contudo, a surpresa do ano foi desta vez "A culpa no cinema de Alfred Hitchcock", de Renato Barroso (Letras Encantadas, 2014), totalmente inesperado e muito bom, fazendo justiça ao génio britânico. Mas também merecem especial atenção "Charlie Chaplin", de Peter Ackroyd (Lisboa: Teodolito, 2015), nova biografia do outro génio inglês, "O Essencial sobre Charles Chaplin", de José-Augusto França (Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2015), que partindo do grande especialista português no "self-made-myth" deve ser visto como uma preciosidade, e "Cinefilia e Cinefobia no Modernismo Português (vias e desvios)", de Joana Matos Frias (Porto: Edições Afrontamento e Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, 2015), muito curioso e bem documentado.
                                            A Culpa no Cinema de Alfred Hitchcock                              
    Saíram mais "Os Filmes da Minha Vida", de François Truffaut (Lisboa: Orfeu Negro, 2015 - o original francês é de 1975), e "Homo spectator: ver, fazer ver", de Marie-José Mondzain (Lisboa: Orfeu Negro, 2015 - o original francês é de 2007), que com méritos diversos merecem a nossa melhor atenção. 
    "Eu Animal - argumentos para um novo paradigma - cinema e ecologia", de Ilda Teresa Castro (Sintra: Zéfiro, 2015), que parte de um trabalho académico para ir além dele com grande pertinência e actualidade, e "Manoel de Oliveira 3/3" (Porto: Fundação de Serralves, 2014), o volume que faltava do catálogo dedicado ao cineasta aquando da exposição e retrospectiva que lhe foi dedicada em 2008, constituem outras publicações assinaláveis do ano que agora finda. Com coordenação de Maria do Carmo Piçarra e Jorge Anónio saiu "Angola. O Nascimento de Uma Nação - Volume III: O Cinema da Independência" (Lisboa: Guerra e Paz, 2015), que conclui da melhor maneira um projecto ambicioso.
                                               
     Integrado no Projecto de Investigação Ruptura Silenciosa, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, coordenado por Alexandre Alves Costa e Luís Urbano, que já o ano passado tive aqui a oportunidade de mencionar, saiu o importante "Histórias Simples - Textos sobre Arquitectura e Cinema", de Luís Urbano (Porto: AMDJAC, 2013), enquanto "Manoel de Oliveira - O Homem da Máquina de Filmar", de Rute Silva Correia (Oficina do Livro, 2015), não passa de um equívoco oportunista mal alinhavado que o defunto grande cineasta não merecia, o que aqui não deve ser passado em silêncio.
     Em áreas próximas e afins destacaram-se "O Negro Teatro de Jorge Molder", de Alberto Ruiz Samaniego (Lisboa: Sistema Solar/Documenta, 2015), e "Enxúvia, Gelo e Morte - A arte de Rui Chafes depois do fim da arte", de Luís Quintais (Lisboa: Sistema Solar/Documenta, 2015).
                                       LISBOA, CIDADE TRISTE E ALEGRE by Victor Palla and Costa Martins
     Já no final do ano, "Fotografia: Modo de Usar", com edição de Delfim Sardo (Lisboa: Sistema Solar/Documenta, 2015) é um belo livro muito importante e esclarecedor sobre a fotografia que se pratica em Portugal na actualidade. Mas o livro do ano foi, para mim, de novo "Lisboa, Cidade Triste e Alegre", de Victor Palla e Costa Martins (Pierre von Kleist Editions, 2015), um livro fundamental ainda hoje surpreendente e indispensável na sua terceira edição (ver Mítico e mágico", de 6 de Dezembro de 2015).

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