“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sábado, 30 de janeiro de 2016

Indecisa

   Com argumento de Nick Hornby baseado no romance de Colm Tóibin (1), "Brooklyn" de John Crowley (2015) revisita em termos pessoais a emigração irlandesa para os Estados Unidos, que marcou o Século XX e ficou famosa.
   Situado no início dos anos 50, dá-nos a perspectiva da protagonista, Eilis/Saoirsi Ronan que, deixando a sua terra, a mãe e a irmã, por mediação clerical ruma a Brooklyn para aí, no Novo Mundo, começar uma nova vida. Ela é nova e naturalmente dela se aproxima no destino um canalizador italiano, que com ela casa antes de ela regressar à sua terra na sequência da morte da sua irmã, Rose/Fiona Glascott. 
                     Saoirse Ronan and Domhnall Gleeson in Brooklyn
   Com a mãe visita a campa do pai e da irmã, e durante a sua permanência conhece um outro jovem conterrâneo que... E aí se delineia o dilema, a indecisão de Eilis entre regressar a Brooklyn ou na Irlanda com novo emprego permanecer. 
   Porque não se afasta de Eilis de princípio a fim, "Brooklyn" de John Crowley apresenta um retrato verídico de época muito bom, da pequena cidade irlandesa à grande metrópole americana, com regresso que se afigura entre o temporário e o definitivo até que o parlatório feminino da pequena comunidade impõe a sua lei.
                     BROOKLYN Not pictured: Emory Cohen
    Cativante na indecisão da protagonista, que não se sabe se regressa para o marido rápido por opção ou por exclusão de partes, o filme faz a escolha certa de deixar o espectador perante os factos, para que ele procure a sua explicação compreensiva. Mas o sabor da Irlanda percorre todo o filme, das suas canções populares aos emigrantes que construíram parte da América, passando pelo clero católico. Entre mortos e casamentos, a sombra de John Ford e John Huston paira por ali.

    Nota
    (1) Edição portuguesa Bertrand Editora, 2010.

Sem comentários:

Enviar um comentário