“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

domingo, 15 de maio de 2016

Em directo

    "Money Monster", de Jodie Foster (2016), tem George Clooney como co-produtor, o que significa, sem desvalorizar a primeira, uma segunda assinatura a valorizar. Com argumento de de Jamie Linden, Alan DiFiore e Jim Kouf a partir de história dos dois últimos, surge como um filme da maior actualidade e do maior interessa.
    Sobre um programa televisivo que se ocupa do mercado bolsista, apresentado por Lee Gates/George Clooney e realizado por Patty Fenn/Julia Roberts, a acção é desencadeada quando um espectador, Kyle Budwell/Jack O'Connell, que se julga prejudicado pelos conselhos do apresentador, invade o estúdio e, em directo, o toma como refém para obter explicações sobre os seus conselhos que o levaram a perder 60 mil dólares.  
                money-monster                         
    Há o dono da empresa em causa, Walt CambyDominic West, que está ausente, e a sua assistente, Diane Lester/Caitriona Balfe, que acaba por trabalhar para o desmascarar naquilo que é apresentado como uma "falha" do sistema. Mas há sobretudo o facto de que tudo é transmitido em directo por um canal de televisão de grande audiência e que o filme inclui os esforços da polícia por neutralisar o espectador revoltado e armado.
    "Money Monster" recupera assim de forma superior o discurso liberal americano, de forma tal que mobiliza muita gente, espectadores de televisão, em volta dos acontecimentos e amplia a importância de tudo o que ali está em causa.  
                Money Monster Banner                        
     Com uma realização inteligente, que leva o filme em tensão crescente, e grandes actores - é um verdadeiro prazer ver Clooney e Roberts a contracenarem de novo -, aqui encontramos parte dos motivos de insatisfação dos americanos, aquela parte sobre a qual todos poderão estar de acordo. Num filme que é de maneira essencial sobre a própria televisão e sobre a sua maior actualidade, crítico em surdina e declaradamente, em que um subtexto ("business as usual") deve ser devidamente atendido. 
     Jodie Foster mostra aqui de novo, depois de "Mentes que Brilham"/"Little Man Tate" (1991), "Fim-de-Semana em Família"/"Home for the Holidays" (1995) e "O Castor"/"The Beaver" (2011) a grande cineasta que, além de grande actriz, é. Achei piada àqueles que, na crítica de cjnema portuguesa, consideraram "Money Monster" um filme ambíguo.        

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