"The Housemaid"/"Hanyo" (2010) é a sexta longa-metragem do sul-coreano Sang-soo Im, um remake do filme homónimo de Ki-young Kim (1919-1998) datado de 1960 e considerado um clássico do cinema do seu país. No novo filme o cineasta, também argumentista, transforma a trama narrativa original de modo a tornar a criada do título, Eun-yi Li/Do-yeon Jeon, vítima da conspiração contra si armada pela mulher, Hae-ra/Woo Seo, e a sogra/Ji- Young Park de Hoon-Goh/Jung-Jae lee, o dono da casa que lhe faz um filho enquanto espera que a mulher dê à luz um par de gémeos.
Com uma narrativa muito boa embora mais convencional do que a do filme original, "The Housemaid" de Sang-soo Im é muito bem construído sobre o interior da casa da família próspera para a qual a jovem Eun-yi vai trabalhar, com um aproveitamento excepcional de aspectos arquitectónicos que definem o espaço e recortam o ambiente em que decorre o conflito, e em que a filha mais velha do casal, Nami/Seo-Hyeon Ahn, estabelece com ela uma relação de cumplicidade, tudo perante o olhar impassível de governanta, Byung-sik/Yeo-jeong Yoon, que tudo sabe mas só diz o que quer. Nesta história de mulheres o único homem, Hoon-Goh, toca Beethoven à noite e mostra-se à altura do que seria de esperar da sua idade e da sua condição.
Os laços que se estabelecem entre a criada e a governanta, entre a criada e a filha mais velha dos patrões estabelecem o contraponto com a aberta hostilidade de mãe e filha para com Eun-yi, gerando um equilíbrio narrativo em que o balançar progressivo da governanta e a tomada de decisão, e o resvalar da protagonista para a vingança acompanham a audácia da realização até um final que rivaliza com o do filme primitivo.
Os laços que se estabelecem entre a criada e a governanta, entre a criada e a filha mais velha dos patrões estabelecem o contraponto com a aberta hostilidade de mãe e filha para com Eun-yi, gerando um equilíbrio narrativo em que o balançar progressivo da governanta e a tomada de decisão, e o resvalar da protagonista para a vingança acompanham a audácia da realização até um final que rivaliza com o do filme primitivo.
Instintual e primitivo debaixo das aparências sociais que justamente evidencia, "The Housemaid" é um filme profundamente crítico da Coreia do Sul actual e soberbamente dirigido por Sang-soo Im, que sabe muito bem que o problema local que trata tem uma dimensão universal, o que torna este um filme indispensável.
Sem comentários:
Enviar um comentário