"Pela Rainha"/"Queen and Country" (2014) joga na obra de John Boorman com "Esperança e Glória"/"Hope and Glory" (1987), passado durante a II Guerra Mundial em Londres durante os bombardeamentos alemães. Nele encontramos o seu jovem protagonista, Bill Rohan/Callum Turner nove anos depois, durante os treinos militares para a Guerra da Coreia.
Com uma parte militar muito longa e importante, em que se estabelece o centro narrativo à volta do desaparecimento do relógio do regimento, o filme encontra o seu melhor na parte que decorre em casa de Bill, que vem estabelecer um contraponto para ela. Aí, acompanhado pelo seu camarada Percy Habgood/Caleb Landry Jones, ele vai reencotrar a irmã, Dawn/Vanessa Kirby, e receber Ophelia/Tamsin Egerton, o que juntamente com os segredos da sua mãe, Grace/Sinéad Cusack, dá um tom diferente à narrativa.
O apontamento sobre a morte do rei e a coroação da rainha é apenas curioso e o regresso da parte castrense inevitável mas em tom morno, apenas para resolver o enigma do roubo do relógio.
Eu percebo o sentido que o filme faz na obra do cineasta, reconheço-lhe mesmo algum mérito, mas o tom quase caricatural suprime o que de maior interesse se podia apesar de tudo encontrar em "Esperança e Glória". Com argumento do próprio John Boorman, "Pela Rainha" não desmerece na sua obra, vasta e multifacetada, em que o melhor continua, contudo, a estar no seu início americano: "À Queima Roupa"/"Point Blank" (1967), com Lee Marvin e Angie Dickinson, "Duelo no Pacífico"/"Hell in the Pacific", com Lee Marvin e Toshirô Mifune" (1968), "Fim-de-Semana Alucinante"/"Deliverance" (1972).
E é claro que em comparação com "King & Country", de Joseph Losey (1964), filme inglês de um cineasta americano, nem por sombras.
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