O documetário de Manuel Mozos "João Bénard da Costa - Outros amarão as Coisas que eu amei" (2014) é um filme muito bom e importante em que, com apoio nos textos do João lidos pelo seu filho João Pedro, toda a vida dele é recordada.
O João Bénard foi uma das grandes singularidades do primeiro século do cinema em Portugal e era importante que a sua memória fosse preservada e transmitida pelo cinema. A sua actividade de grande programador e grande crítico, a esse título grande autor e grande escritor, marcou mais do que uma geração, e urgia que pudesse ser recordada de forma fiel e sistemática pelo próprio cinema.
Ora Mozos não é um cineasta qualquer nem um documentarista acidental, tem muito boas provas dadas de persistência e amor ao cinema, o que a investigação investida neste filme e a forma como ele é construído confirma de forma exuberante. De facto, pelas imagens e palavras do próprio João Bénard da Costa é toda uma vida apaixonada e todo um pensamento apaixonante que não se ficaram pelo cinema que nos são restituídos, com o comentário do belíssimo poema da Sophia dito pela Ana Maria.
É urgente conhecer os escritos do João, que estão a ser sistemática embora parcialmente publicados postumamente, para bem compreender o cinema, de que ele foi um estudioso excepcional que este filme nos devolve íntegro e inteiro com imagens históricas e belas imagens, sobretudo da Arrábida e de Veneza, com a fotografia a cumprir a sua função de memória pessoal e os excertos dos filmes mais amados a entrarem no lugar certo, no momento certo.
Para quem, como eu, pensa que o documentário é mais impessoal do que a ficção no cinema, com a presença do próprio realizador no filme inculcando inteligentemente a ideia de diálogo "João Bénard da Costa - Outros amarão as Coisas que eu amei" de Manuel Mozos é o maior desmentido, da parte de quem conhece muito bem aquilo de que fala e ama o meio que utiliza (sobre João Bénard da Costa ver "Mestres de pensar", de 7 de Março de 2013; sobre Manuel Mozos ver "Tempo português", de 12 de Abril de 2015).
É preciso continuar a amar o cinema e a poesia, porque a vida continua sempre. E o amor, a bondade e a beleza também.
É preciso continuar a amar o cinema e a poesia, porque a vida continua sempre. E o amor, a bondade e a beleza também.
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