Baseado na peça de Henrik Ibsen datada de 1892, "Solness, le constructeur"/"Solness" de Michael Klette (2015) é um filme sóbrio e soberbo que, com grande economia de meios, nos transporta ao drama íntimo e exterior de um arquitecto, Solness/Thomas Sarbacher, em perseguição da obra perfeita que ainda lhe falta, se faltar.
Procurando ânimo em Hilde/Julia Schacht, estudante de arquitectura muito mais nova do que ele, depois da morte dos seus dois filhos, o protagonista percorre a sua carreira e obra ao preparar um futuro que não se quer definido à partida. Também autor do argumento e da adaptação, o realizador, encenador de teatro com grandes provas dadas, consegue resolver em termos espaciais e arquitectónicos um filme que preserva toda a força e o impacto do original teatral.
Michael Klette explora todos os espaços em profundidade, em altura vistos de baixo e de cima, interiores e exteriores, em que se move o protagonista, com uma segurança e uma sageza impressionantes, por forma a tornar este "Solness" uma lição do tratamento do espaço e da arquitectura no cinema - e do mais graças a uma montagem seca e curta mas inspirada ela também.
Com um protagonista forte e cheio de certezas que a dúvida atravessa interpretado por um excelente Thomas Sarbacher, este um filme exemplar sobre a ambição, a criação e a decadência, situado num tempo, a actualidade, em que todas estas questões se defrontam e digladiam. Com apenas alguma experiência de trabalho como argumentista para televisão, o realizador aproveita a sua experiência teatral para, nesta sua primeira longa-metragem, em termos cinematográficos ter tudo, conflitos pessoais e geracionais incluídos, no seu lugar certo num espaço filmicamente tratado de forma superior.
Passou esta semana no Arte.
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