Como prelúdio aos
concertos da violoncelista marcados para hoje, 24, e Domingo, 26 de
Outubro, foram ontem
apresentados no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian dois
filmes sobre Sonia Wieder-Atherton. Tratar-se-ia
de um acontecimento promocional banal não se dera o caso de ambos os filmes serem
realizados por Chantal Akerman (ver "Obsessões", de 27 de Fevereiro de
2012).
O primeiro, "Avec Sonia Wieder-Atherton" (2003), começa por mostrar a artista a falar sobre a história da sua ligação à música e sobre a sua arte, para depois a apresentar na execução de peças célebres, sozinha ou acompanhada. O que distingue este filme é a realizadora interpor entre os executantes e a sua câmara uma parede com aberturas rectangulares, através das quais eles são vistos enquanto tocam. Com a câmara em movimento, este dispositivo simples confere uma densidade especial ao espaço e permite descobrir melhor em filme quem toca e o que é tocado.
O segundo, "Trois Strophes sur le nom de Sacher" de Henri Dutileux (1989), encena o fundo do espaço onde a violoncelista, com rosto concentrado, grave, toca a solo. No fundo do cenário abrem-se duas janelas atrás das quais é visível uma representação com três personagens, um homem e duas mulheres que, porém, como num filme mudo não se ouvem. Mais uma ideia perfeita de uma cineasta superior, que sem distrair da música a capta em toda a sua originalidade e dramatismo.
Nestes dois filmes a música, através de uma grande executante, e o cinema, através de uma grande cineasta, juntam-se para grandes momentos de cinema e de música, de uma forma que é raro acontecer. De facto, aí Chantal Akerman serve-se da música como motivo fílmico mas para melhor a servir. E, claro, se puderem assistam aos concertos de Sonia Wieder-Atherton na Gulbenkian.
Nestes dois filmes a música, através de uma grande executante, e o cinema, através de uma grande cineasta, juntam-se para grandes momentos de cinema e de música, de uma forma que é raro acontecer. De facto, aí Chantal Akerman serve-se da música como motivo fílmico mas para melhor a servir. E, claro, se puderem assistam aos concertos de Sonia Wieder-Atherton na Gulbenkian.
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