“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

domingo, 12 de outubro de 2014

Um regresso desejado

   Iniciou-se na passada sexta-feira a continuação do ciclo "Harvard na Gulbenkian - diálogos sobre o cinema português e o cinema do mundo" que, com curadoria de Haden Guest e Joaquim Sapinho, teve a sua primeira série, dividida em seis capítulos, entre Novembro de 2013 e Março deste ano (ver "Cinema capital", de 24 de Novembro de 2013).  
    Neste seus novos seis capítulos, até Janeiro de 2015 esta importante inciativa propõe filmes de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, Agnès Varda, Matthew Porterfield, Catherine Breillat, Bruce LaBruce, Joaquim Sapinho, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, Tsai Ming-Liang, Claire Denis, Vítor Gonçalves, José Luis Guerín, Manoel de Oliveira e Aki Kaurismäki, mas também de João César Monteiro, Robert Bresson, António Reis e Margarida Cordeiro, entre outros.                       
                   
    Numa ideia de programação e debate muito importante, os filmes e os cineastas seleccionados são a garantia de que esta é uma iniciativa que merece prosseguir, de que é sem dúvida muito recomendável e, por isso, a seguir atentamente.
  Apenas pude ver um filme, "Putty Hill", de Matthew Porterfield (2010), um novo cineasta independente de Baltimore que aí apresenta uma boa ideia, a da morte de alguém novo, Cory, para o funeral do qual convergem família e amigos, que são ouvidos sobre a sua memória do falecido, uma ideia muito bem explorada em termos visuais e sonoros (o fora de campo, a música), com os depoimentos provocados por um entrevistador invisível e a exploração de espaços comuns (muito boa a festa de despedida) e de espaços pessoais (muito bom o final).
                   
  Matthew Porterfield é, pois, mais um nome a juntar ao novíssimo cinema independente americano, com um outro filme anterior a este, "Hamilton" (2006), e um outro posterior ,"I Used to Be Darker" (2013), que sempre com o realizador como argumentista ou co-argumentista (na autoria da história com Jordan Mintzer em "Putty Hill") significam o início de uma obra que vale a pena  acompanhar e só graças a esta iniciativa pudemos começar a conhecer.
    Daqui saúdo Haden Guest e Joaquim Sapinho por esta nova série de "Harvard na Gulbenkian", a segunda de um ciclo de programação que vem demonstrar que o que há a fazer em Portugal sobre o cinema e fora do país sobre o cinema português está a ser feito e muito bem feito (ver também "Como artista", de 9 de Março de 2014).

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