O muito aguardado "Táxi de Jafar Panahi"/"Taxi", do iraniano Jafar Panahi (2015), é mais um filme superior deste grande cineasta, que traz de novo até nós a difícil situação do seu país e a muito difícil situação em que ele próprio vive e trabalha.
Optando de novo, como no anterior "Isto não é um Filme"/"In film nist" (2011), por expor-se a si próprio, desta feita como motorista de táxi, de forma menos rígida o cineasta reinventa o dispositivo de "Dez"/"Dah", de Abbas Kiarostami (2002), para conversar com alguns passageiros sobre o seu quotidiano - o ferido num acidente e a sua mulher, as senhoras com os peixes, o seu antigo amigo dos filmes clandestinos.
Mas a grande invenção do filme passa pela sua sobrinha pequena, que quer ela própria fazer um filme (e faz) seguindo as regras que lhe ensinam na escola sobre "um filme distribuível". Com esse pretexto, o cineasta constrói um filme dentro do filme, fala ele próprio e dá a palavra a uma sua amiga, advogada - a senhora das rosas. Tudo simples, com a irreverência da sobrinha mas sem perder a gravidade do próprio Panahi, que o final completamente esclarece.
Se fosse preciso (e era), "Táxi de Jafar Panahi" confirma um grande cineasta no cativeiro que, longe se deixar abater ou desistir, a partir da sua situação constrói mais um grande filme sobre o seu sombrio país na actualidade. E com estas coisas faz-se humor, claro, mas não se brinca (sobre o cineasta ver "Para Jafar Panahi", de 17 de Fevereiro de 2015).
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