Foi de novo numa livraria que recebi a notícia fresca da morte do Nicolau Breyner (1940-2016). À saída da livraria, na rua movimentada e ruidosa que desci tinha-se feito o silêncio. Passei da negação à incredulidade, até que um ecrã de televisão me convenceu.
Ele foi excelente em todas as áreas que frequentou, teatro, cinema, televisão, um homem verdadeiramente transversal que em tudo o que fez colocou o melhor de si próprio e de nós próprios.
Aqui preciso de me explicar. No actor prodigioso que ele foi, a maioria guardará o rosto, o sorriso que lhe iluminava os olhos. Eu guardo o corpo que ele dava às personagens que interpretava, que filmado de qualquer ângulo, em qualquer escala, rosto incluído lhes conferia uma humanidade eminentemente reconhecível: da personagem e sua. Assim ele enriqueceu e iluminou tudo aquilo que fez, em que participou.
Como muito poucos - Vasco Santana, Amália - aliou em Portugal a excelência com a popularidade: toda a gente o conhecia e admirava. Além do que foi, dizem os que o conheceram de perto, um ser humano de excepção, de uma simplicidade e de uma bondade hoje em dia raras, por isso mesmo tanto mais estimáveis.
A morte ataca sempre onde mais nos dói. Que tenha morrido durante o sono foi um bem que ele mereceu. Todos nos sentimos amputados e empobrecidos com a sua partida, Nicolau Breyner. Aqui ficam os meus muito profundos sentimentos para o cineasta que melhor o compreendeu e aproveitou em vários filmes, e que inclusivamente antecipou a sua morte: um abraço, António Pedro Vasconcelos (ver "Lugar incomum, de 6 de Junho de 2015).
Não esqueçam o Nico, em especial nesta sua e nossa hora. E passem a palavra para o futuro.
Não esqueçam o Nico, em especial nesta sua e nossa hora. E passem a palavra para o futuro.
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