Passou na passada semana no Arte o filme argentino "La troisième rive"/,"La tercera orilla", de Celina Murga (2014). Com argumento dela própria e Gabriel Medina, conta com a produção de Martin Scorsese, de quem Celina tinha sido assistente em "Shutter Island" (2010).
Trata-se de um filme muito bom e interessante pois, tal como o novo cinema novo argentino (Lucrecia Martel, Lisandro Alonso) trabalha os códigos do melodrama, em que o cinema latino-americano se notabilizou no passado, contra o próprio melodrama.
Desde o início que se espera um acontecimento melodramático na família do protagonista, Nicolás/Alian Devetac, do estilo de uma morte, uma doença, um outro acontecimento dramático, mas na sua pessoa e na relação com a sua família ele é continuadamente um tipo normal, silencioso, pouco comunicativo mas que cumpre com o que lhe é pedido.
É certo que não reage aos estímulos normais da sua idade, que se interessa por coisas só dele e dos amigos, que há de passagem uma mulher com um filho pequeno que ele apenas avista de longe e com a qual não chega a falar. Ensimesmado, ele prossegue.
Sem se explicar definidamente no percurso, este "La toisième rive" prepara muito bem o seu final como contra empolgante, contra epílogo dramático, apenas como consequência natural do que antecede. Sem espectáculo e contra o melodrama. Celina Murga é mais um nome a seguir no actual cinema argentino.
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