“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sexta-feira, 4 de março de 2016

No mesmo barco

     No seu número 720, de Março de 2016, os Cahiers du Cinéma recordam Jacques Rivette, recentemente falecido (ver "O senhor do segredo", de 31 de Janeiro de 2016), com a inclusão de uma entrevista sua a Hélène Frappat no final do século passado (em 1999), intitulada "Le secret et la loi", e de diversos depoimentos de quem trabalhou mais com ele. Mas além do outro material das outras secções habituais da revista, este número contém também um estudo inédito de Pacôme Thiellement, intitulado "L'Homme de ma Mort", sobre "Love Streams", de John Cassavetes (1984), actor e cineasta americano que traduzia filosofia não como o amor da sabedoria mas como o estudo do amor. 
                                  
     Esta conjunção extremamente pertinente sobre dois grandes nomes do cinema leva Stéphane Delorme a utilizar a expressão "no mesmo barco" com ambos os cineastas, recordando que os Cahiers de 1968-1969 dedicaram grande atenção aos dois - "L'Amour fou" e "Faces". Nesse barco estou eu também desde antes desse tempo, e por isso aconselho incondicionalmente a todos este último número dos Cahiers du Cinéma. Porque é essencial para mim que a resposta à pergunta "o que é um filme?" passe pela "ideia de trabalho" e conhecer melhor quem entendia a filosofia como "o estudo do amor", além de ser fundamental respeitar aqueles que amamos mesmo, e em especial depois da sua morte. Aproveitem, porque para este barco sou eu que vos convido.
     (Sobre os Cahiers du Cinéma ver "O nº 700", de 17 de Maio de 2014, e "Dossiers exemplares", de 15 de Julho de 2014.)

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