Num panorama cinematográfico pletórico de acontecimentos e iniciativas importantes em Lisboa, optei por um filme do sul-coreano Hong Sang-soo, "A nossa Sunhi"/"Our Sunhi"/"U ri Sunhi" (2013), inédito comercialmente em Portugal, porque é um cineasta que me interessa.
![Our Sunhi (image 1)](http://www.nziff.co.nz/assets/resized/sm/upload/qr/ih/0c/qv/KEY%20Our_Sunhi_Film_still_2-0-2000-0-1125-crop.jpg?k=9eae2279f0)
![Our Sunhi (image 1)](http://www.nziff.co.nz/assets/resized/sm/upload/qr/ih/0c/qv/KEY%20Our_Sunhi_Film_still_2-0-2000-0-1125-crop.jpg?k=9eae2279f0)
Trata-se de mais uma surpresa de um dos mais importantes cineastas actuais, um filme com poucas personagens que se vão encontrando sucessivamente umas com as outras nos mesmos locais: Sunhi/Yu-mi Jeong, que estuda cinema, Moon-soo/Sun-kyun Lee, seu antigo namorado que já fez um filme, Choi/Sang Jung Kim, antigo professor deles a quem a primeira pede uma carta de recomendação, e Jae-hak/Jae-yeong Jeong, um amigo comum.
Tudo gira em volta da protagonista, como é bom de ver. O antigo namorado quer que ela volte para ele, o antigo professor quer que ela o aceite depois de o ter feito redigir uma segunda carta de recomendação (sempre em meia-hora), enquanto o amigo comum serve de ponto de contacto de todos, a quem faz as mesmas recomendações.
![Our Sunhi (image 2)](http://www.nziff.co.nz/assets/resized/sm/upload/hw/5h/on/f2/Our_Sunhi_Film_still_1-0-2000-0-1125-crop.jpg?k=9eae2279f0)
![Our Sunhi (image 2)](http://www.nziff.co.nz/assets/resized/sm/upload/hw/5h/on/f2/Our_Sunhi_Film_still_1-0-2000-0-1125-crop.jpg?k=9eae2279f0)
Dito assim parece um filme já conhecido de Hong-Sang-soo mas são as repetições dentro do mesmo filme e as variações em relação a outros que constituem o cerne e o mistério deste "A nossa Sunhi", enquanto o regresso da mesma música acompanha as recorrências da conversa num mesmo local. Embora pareça ser sempre o mesmo filme sobre o mesmo tema, são sempre filmes diferentes que o cineasta faz em volta das suas obsessões pessoais, simples e elementares.
E o mistério maior continua a ser aqui o estilo seco e consistente do cineasta, centrado em planos longos e fixos, levados até à sua saturação, ao seu limite. E um elegante movimento de câmara, mesmo se longo e até ascendente, permite ocasionalmente manter a lógica do plano-sequência de forma original.
![Our Sunhi (image 3)](http://www.nziff.co.nz/assets/resized/sm/upload/uq/qe/74/33/Our_Sunhi_Film_still_3-0-800-0-450-crop.jpg?k=04b2d757e0)
![Our Sunhi (image 3)](http://www.nziff.co.nz/assets/resized/sm/upload/uq/qe/74/33/Our_Sunhi_Film_still_3-0-800-0-450-crop.jpg?k=04b2d757e0)
No fundo o cineasta permanece fiel a dois ou três motivos narrativos, a um ou dois princípios formais, e assim nos vai deslumbrando com os seus filmes, que era importante nos chegassem com maior regularidade e frequência pois ele é o melhor cineasta sul-coreano contemporâneo - sobre ele ver "Pintor de nuvens", 4 de Novembro de 2012, "Três vezes Anne", 10 de Junho de 2013, "O sonho inquieto", de 30 de Abril de 2014, e "De um dia para o outro", de 17 de Janeiro de 2016.
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