“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O príncipe perfeito

    Neurocirurgião e professor catedrático de neurocirurgia, director do serviço de neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, João Lobo Antunes (1944-2016) foi um dos fundadores da bioética como ciência em Portugal. Membro e depois presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e presidente da Sociedade Europeia de Neurocirurgia, foram-lhe atribuídos o Prémio Pessoa em 1996, o Prémio da Universidade de Lisboa em 2013 e o Prémio  Nacional de Saúde em 2015 entre outras distinções.
    Foi distinto em tudo o que fez, incluindo a escrita, em que se centrou na sua profissão, na sua experiência da vida e da morte, na ética e na arte. Com uma vastíssima cultura, nomeadamente literária, filosófica e artística, que enquadrava o seu saber especializado da neurocirurgia em que se doutorara em New York, sabia distinguir o bem e o mal, o certo e o errado com uma grande e rara inteligência. Era superiormente competente na sua profissão, sabia olhar, escutar e sentir o sofrimento dos outros e tinha um exigente sentido do dever.     
                    João Lobo Antunes 
   Figura maior da sua geração, o legado que deixa como neurocirurgião, cientista, professor, escritor e pensador é enorme e não deve de maneira nenhuma ser esquecido. Quando pensava nele pensava num homem sábio e bondoso, e quando penso hoje num homem sábio e bondoso continuo a pensar nele, surpreendido que fui agora pela notícia da sua morte.
   Sinto-me honrado por ter coincidido espacial e temporalmente com ele. Em momento da maior consternação, apresento a expressão sincera do meu muito sentido pesar à sua mulher, Maria do Céu Machado, filhas e netos, aos seus irmãos e restante família, enquanto me curvo respeitosamente perante a sua memória.

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