"Olhos Grandes"/"Big Eyes", a mais recente longa-metragem de Tim Burton (2014), é um filme algo insólito na sua obra pois baseia-se em factos e personagens reais, o que anteriormente apenas lhe havia acontecido em "Ed Wood" (1994). Não obstante essa circunstância, este é mais um filme com a assinatura do cineasta, pois também ele trata de uma caso extremo de criação artística, desta feita na pintura. Mas não só por isso.
![https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmg1ZmtEQQnzN6J6F-IJYmIaMiWoWj7SOMF4OiWDNAfSZpKnKuG3Tp54usEsdVHWK737trYSwiEOL78_izhq_lmL9nMVsD3iw6fS60PPD5CGyPSYYpLEX2i4SHO20wTJqqpN4rE8hRXd3/s1600/big_eyes_movie_image_wallpaper.png](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmg1ZmtEQQnzN6J6F-IJYmIaMiWoWj7SOMF4OiWDNAfSZpKnKuG3Tp54usEsdVHWK737trYSwiEOL78_izhq_lmL9nMVsD3iw6fS60PPD5CGyPSYYpLEX2i4SHO20wTJqqpN4rE8hRXd3/s400/big_eyes_movie_image_wallpaper.png)
![https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmg1ZmtEQQnzN6J6F-IJYmIaMiWoWj7SOMF4OiWDNAfSZpKnKuG3Tp54usEsdVHWK737trYSwiEOL78_izhq_lmL9nMVsD3iw6fS60PPD5CGyPSYYpLEX2i4SHO20wTJqqpN4rE8hRXd3/s1600/big_eyes_movie_image_wallpaper.png](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmg1ZmtEQQnzN6J6F-IJYmIaMiWoWj7SOMF4OiWDNAfSZpKnKuG3Tp54usEsdVHWK737trYSwiEOL78_izhq_lmL9nMVsD3iw6fS60PPD5CGyPSYYpLEX2i4SHO20wTJqqpN4rE8hRXd3/s400/big_eyes_movie_image_wallpaper.png)
Nos anos 50 do Século XX Margaret Keane/Amy Adams vê a autoria das suas obras - rostos de criança com olhos grandes desenhados - usurpada por aquele que, intitulando-se pintor com aprendizagem feita em Paris, se vem a tornar seu marido, Walter Keane/Christoph Waltz. Trata-se de um caso estranho, como diz no final o juiz de Honolulu, mas o golpe estava dado quando Walter se tornou marido de Margaret.
Reconhecendo todo o mérito à narrativa, a mim interessam-me sobretudo os traços que melhor individualizam o filme como obra de Tim Burton, um criador cinematográfico nada acidental. De facto, quer Amy Adams quer Christoph Waltz remetem directamente neste filme para o cinema americano dos anos 50, ela para Kim Novak, nomeadamente em filmes de Richard Quine (1920-1989), pela maneira como é filmada, ele para Gene Kelly no musical de Vincente Minnelli (1903-1986), nomeadamente "Um Americano em Paris"/"An American in Paris" (1951), pela maneira como se move e age fisicamente. Se a isto juntarmos o apropriado uso do preto e branco nas imagens da televisão, como acontecia na época, teremos as marcas da inteligente apropriação de uma época por um cineasta superior para um filme também por isso invulgar.
![Big Eyes Review big eyes movie review christoph waltz Big Eyes Review](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_spLDCLFTtNOPj-IIXv7hR7GEKbqvOtrOzRttAaEl2AW4PwjtN9WuVFtRlIY_khiZrqq3ns-iL8VlbCz5eq9mrLofOsNE57Sje1nueoUPDvctzZBb7MJufKC0Mu0AK_vHm0gBnU2rMGOpa8TI7YcNUkgfDpPPDzU75r=s0-d)
Salvo um caso de uso do desenquadramento numas escadas, "Olhos Grandes" poderia parecer um filme comum baseado num caso real, o que de todo não é pelo que acima referi mas também pelo tom onírico em que tudo decorre, como o sonho de Margaret, personagem estática diante de um Walter hiper-móvel. De resto, o próprio uso da cor na fotografia de Bruno Delbonnel e da música de Danny Elfman vai nesse sentido.
Como "Ed Wood", mais do que ele, este filme pode ser assim ser visto como um superior filme de época sobre o próprio cinema, tanto mais quanto a mencionada Kim Novak foi também a Madeleine/Judie de "A Mulher que Viveu Duas Vezes" /"Vertigo", de Alfred Hitchcock (1958), um filme como este passado em São Francisco.
Visto desta maneira, que o próprio filme impõe com todas as suas outras referências de época, "Olhos Grandes" é um filme tão completamente dominado por Tim Burton como os seus filmes em stop-motion e fala-nos todo o tempo a outros níveis que não os que surgem como imediatos ao espectador de hoje, que poderá, contudo, compreender o simbolismo dos olhos grandes pintados.
(Sobre Tim Burton, ver "Um artista americano", de 24 de Maio de 2012, e "Um artista de sonho", de 21 de Outubro de 2012.)
Salvo um caso de uso do desenquadramento numas escadas, "Olhos Grandes" poderia parecer um filme comum baseado num caso real, o que de todo não é pelo que acima referi mas também pelo tom onírico em que tudo decorre, como o sonho de Margaret, personagem estática diante de um Walter hiper-móvel. De resto, o próprio uso da cor na fotografia de Bruno Delbonnel e da música de Danny Elfman vai nesse sentido.
Como "Ed Wood", mais do que ele, este filme pode ser assim ser visto como um superior filme de época sobre o próprio cinema, tanto mais quanto a mencionada Kim Novak foi também a Madeleine/Judie de "A Mulher que Viveu Duas Vezes" /"Vertigo", de Alfred Hitchcock (1958), um filme como este passado em São Francisco.
Visto desta maneira, que o próprio filme impõe com todas as suas outras referências de época, "Olhos Grandes" é um filme tão completamente dominado por Tim Burton como os seus filmes em stop-motion e fala-nos todo o tempo a outros níveis que não os que surgem como imediatos ao espectador de hoje, que poderá, contudo, compreender o simbolismo dos olhos grandes pintados.
(Sobre Tim Burton, ver "Um artista americano", de 24 de Maio de 2012, e "Um artista de sonho", de 21 de Outubro de 2012.)
Sem comentários:
Enviar um comentário