Uma das últimas noites passou no Arte "Purge"/"Puhdistus", do finlandês Antti Jokinen (2012), baseado em novela da sua compatriota Sofi Oksanen. Dele estreara o anterior "Perigo à Espreita"/"The Resident" (2011), que não vi, e da escritora não conheço qualquer edição portuguesa.
![Purge domine les classements et prend la route des Oscars](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_sP2teEzz0ziEa9vUHaEg6E27IAv_Q1i4U_QLEx6Ph35XYcHWUKx4geuAH7OENs5bmndZ29-gKK76W-bYny3h4KCOr4vw_omdDBbaec7tyXKqfsBM_WZWLsU14iSO_J7clPEu60TVwyElxVQNkI0nllvpejsl0=s0-d)
"Purge" é um filme muito curioso a vários títulos. Centrado na relação entre uma mulher mais velha, Aliide/Liise Tandefelt, com as suas recordações, e uma mulher mais nova, Zara/Amanda Pilke, com o seu presente difícil comparável ao passado da outra quando nova, Aliide/Laura Birn, rebate o passado de uma na Estónia sob ocupação soviética no pós-guerra sobre o presente da outra no mesmo país às mãos de uma rede de prostituição russa.
A experiência de uma replica e comenta a experiência da outra, sobre a qual se rebate com violações incluídas, mas, muito bem construído, este filme destaca-se também pelo uso insistente e muito bom do grande-plano de rosto, o que o assinala decididamente, embora na sua segunda parte diminua a sua utilização para regressar no final.
Gilles Deleuze escreveu o que havia e há ainda hoje a dizer sobre esta figura cinematográfica em "A Imagem-Movimento" (Capítulo VI, A Imagem-Afecção), para o qual vos remeto e que Antti Joinen sem dúvida conhece. Neste "Purge" ele usa o grande plano e o plano de pormenor com assinalável sucesso em especial sobre as actrizes, muito bonitas e assim ainda mais expressivas, pois no grande-plano os sentimentos, as emoções, os afectos vêem-se, sentem-se, percebem-se melhor,
Claro que estas coisas melhores só nos chegam no Arte, um canal cultural franco-alemão de referência que acompanho há muitos anos e aqui volto a aconselhar, de cuja programação neste momento destaco "28 minutes", um programa diário de debate vivo e sempre actual apresentado pela excelente Élisabet Quin às 20H 05M, de segunda a sexta-feira. Com o estranho e inexplicável afastamento da profissional de excepção que é Zeinab Badawi do noticiário da BBC World News, neste horário só Christiane Amanpour na CNN é a outra opção - mes hommages, mesdames.
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