“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

domingo, 15 de março de 2015

Por Manoel de Oliveira

    Vários anos e mortos depois, saiu o terceiro volume do catálogo "Manoel de Oliveira" (2014), editado pela Fundação de Serralves a propósito da exposição que, comissariada por João Fernandes e João Bénard da Costa, dedicou ao grande mestre do cinema português e mundial por altura do seu centenário. 
    Agora sob a responsabilidade de António Preto, o grande especialista em M. O. depois da morte de João Bénard da Costa (1935-2009), que já lhe tinha dedicado "Manoel de Oliveira - O Cinema Inventado á Letra", editado pela Fundação de Serralves e o Jornal Público em 2008, este prometido e devido terceiro volume inclui contributos decisivos do próprio António Preto, "Depois do Passado ao Presente", de Luís Miguel Cintra, actor de eleição do cineasta (e de Paulo Rocha), "O Teatro no Cinema de Manoel de Oliveira", e o texto de Oliveira "O Cinema e o Capital", datado de 1933. O último capítulo da conversa de Manoel de Oliveira com João Fernandes e João Bénard da Costa, seguido de uma filmografia indispensável, faz deste volume a conclusão ideal de um projecto que, sem ele, ficaria incompleto. 
                   
     Tardiamente embora, o país tem sabido honrar em estudos cinematográficos compatíveis um grande cineasta que talvez nem sequer mereça, ao nível dos que lhe têm sido dedicados internacionalmente. A fechar o seu ensaio, sobre uma conhecida citação de João César Monteiro (1030-2003) escreve António Preto: "Como nos tempos que correm é tão difícil alargar o território quanto encurtar o cineasta, o país não tem outro remédio senão assumir o incómodo desta obra monumental e tentar estar à altura de executar o seu único testamento: fazer melhor, e fazer cada vez mais." Subscrevo inteiramente o que não saberia formular melhor.
     Longe de se limitar a fechar um capítulo, o terceiro volume deste importante catálogo abre decisivamente para os capítulos seguintes dos estudos sobre o cineasta, o que aqui se assinala e saúda (sobre Manoel de Oliveira ver "Sob o mesmo signo", de 12 de Fevereiro de 2012, "Regresso às origens", de 27 de Fevereiro de 2012, "A morte do fotógrafo", de 14 de Abril de 2012, "Oliveira filosófico", de 28 de Outubro de 2012, "Um filme histórico", de 15 de Março de 2014, e "Eu hei-de amar uma pedra", de 17 de Dezembro de 2014).

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