“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sábado, 31 de outubro de 2015

Sanguinolento

    Do mexicano Guillermo Del Toro, de que conhecia e apreciara "O Labirinto do Fauno"/"El laberinto del fauno" (2006), estreou agora "Crimson Peak: A Colina Vermelha"/"Crimson Peak" (2015), um filme de terror gótico que decorre no final do Século XIX, na sua maior parte numa mansão inglesa 
                    Crimson Peak
   O cineasta tem de positivo ser sempre argumentista ou co-argumentista e produtor ou co-produtor dos filmes que realiza, o que aqui volta a acontecer num filme sobre argumento seu e de Matthew Robbins. Poderia dizer-se contra o filme que ele leva demasiado a sério os seus elementos de terror, os fantasmas, mas mesmo assim ele parte de uma personagem que se quer semelhante a Mary Shelley, Edith Cushing/Mia Wasikowska, que com apelido e tudo introduz uma referência de segundo grau.
    O par que se lhe opõe, os irmãos Lucille/Jessica Chastain e Thomas Sharp/Tom Hiddlestone, está bem visto e bem caracterizado em termos de época e de terror, e a intrincada intriga para que arratam Edith depois de lhe terem morto o pai, Carter Cushing/Jim Beaver, apresenta características reconhecíveis do género ao decorrer numa mansão de família.
                    Crimson Peak
     Guillermo Del Toro trabalha também o contexto, com elementos e referências avulsas de época (os rolos de cera e Conan Doyle), de forma a fazer passar uma maior credibilidade, e explora bem os interiores da mansão como espaços vastos, vazios e desabitados, como uma enorme casa dos mortos que apenas aqueles três vivos habitam - os cenários de Thomas E. Sanders e a fotografia de Dan Laustsen, com uma iluminação preciosa, são muito bons.
      Os confrontos estão todos bem encenados, com realce para o último entre Edith e Lucille, de modo que este "Crimson Peak: A Colina Vermelha" não fica a dever nada ao género de que participa e que enriquece, sem envergonhar o cineasta em confronto, por exemplo, com John Carpenter ou Dario Argento, os mestres modernos do filme de terror, embora a maior proximidade seja com "Drácula de Bram Stoker"/"Dracula", de Francis Ford Coppola (1992), devido ao comum cenografista. Os actores estão todos bem, muito obrigado.

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