O ano de 2012 foi devastador para o cinema português, com a morte de Fernando Lopes (1935-2012) e Paulo Rocha (1935-2012), os dois homens decisivos do novo cinema dos anos 60/70 e dois dos mais importantes e mais influentes cineastas portugueses de sempre. Com o seu desaparecimento o cinema português vê-se privado de dois daqueles que, com alguns mais, foram capazes de dar um novo nascimento a uma cinematografia decrépita, um novo nascimento como cinema moderno, e de dar-lhe bases sólidas para o futuro (ver "Sob o mesmo signo", 12 de Fevereiro de 2012, "Primeiro entre iguais", 24 de Março de 2012, e "Dois cineastas maiores", 31 de Dezembro de 2012). O ano de 2012, em que morreu também um cineasta francês muito importante, Chris Marker (1921-2012) - ver "Poética de Chris Marker", 2 de Agosto de 2012 -, foi um ano fatal para o cinema português, que no entanto soube e saberá prestar a Fernando Lopes e a Paulo Rocha o preito devido. Honra e memória lhes sejam, pois, devidas.
Este ano foi assinalado, nos filmes estreados em Portugal, pelo regresso do preto e branco em alguns dos melhores filmes. Esse facto foi sensível logo no filme vencedor dos Oscars principais, melhor filme, melhor realizador e melhor actor, "O Artista"/"The Artist", do francês Michel Hazanavicius (2011), que por ter corrido o risco de evocar uma época, a do fim do cinema mudo e do início do sonoro, a preto e branco e como filme mudo, foi uma escolha bem vista por parte da Academy of Motion Picture Arts and Sciences, que assim premiou a originalidade e homenageou o próprio cinema. O outro filme vencedor dos Oscars, "A Invenção de Hugo"/"Hugo", de Martin Scorsese (2011), ocupa-se também dos inícios do cinema, em 3D e numa época de mudança tecnológica que poderá justificar a preferência da Academia por filmes que tratam do próprio cinema, do seu início e das suas transformações técnicas mais importantes.
Este ano foi assinalado, nos filmes estreados em Portugal, pelo regresso do preto e branco em alguns dos melhores filmes. Esse facto foi sensível logo no filme vencedor dos Oscars principais, melhor filme, melhor realizador e melhor actor, "O Artista"/"The Artist", do francês Michel Hazanavicius (2011), que por ter corrido o risco de evocar uma época, a do fim do cinema mudo e do início do sonoro, a preto e branco e como filme mudo, foi uma escolha bem vista por parte da Academy of Motion Picture Arts and Sciences, que assim premiou a originalidade e homenageou o próprio cinema. O outro filme vencedor dos Oscars, "A Invenção de Hugo"/"Hugo", de Martin Scorsese (2011), ocupa-se também dos inícios do cinema, em 3D e numa época de mudança tecnológica que poderá justificar a preferência da Academia por filmes que tratam do próprio cinema, do seu início e das suas transformações técnicas mais importantes.
O ano foi marcado por muitos filmes, de diferentes proveniências, para todos os gostos e de qualidade diversa. Escolha por escolha, cada um faz a sua em função do que viu. Para 2012, a minha escolha dos 10 melhores filmes é esta:
1º. A Brighter Summer Day ("Gu ling jie shao nian sha ren shi jian"), de Edward Yang (1991);
2º. O Cavalo de Turim (”A Torinói ló”), de Béla Tarr (2011);
3º. Holy Motors, de Leos Carax (2012);
4º. Cosmopolis, de David Cronenberg (2012);
5º. Le Havre, de Aki Kaurismäki (2011);
6º. Era uma vez na Anatólia ("Bir
zamanlar Anadolu’da"), de Nuri Bilge Ceylan (2011);
7º. 4:44 Último Dia na Terra ("4:44 Last Day on Earth"), de Abel Ferrara (2011);
8º. Tabu, de Miguel Gomes (2012);
9º. O Gebo e a Sombra ("Gebo et l'Ombre"), de Manoel de Oliveira (2012);
10º. Amor ("Amour"), de Michael Haneke (2012).
Sobre cada um destes filmes, o primeiro dos quais inédito comercialmente em Portugal pelo menos na sua versão original, integral, escrevi aqui depois de, no início de Abril de 2012, ter dado por concluída a publicação neste blog dos meus inéditos com data. Perante o que vi, e não vi tudo, escolha por escolha esta é a minha. Dela constam dois filmes a preto e branco que considero superiores ao vencedor dos principais Óscars, que, no entanto, para muitos, por o ser, será naturalmente considerado o melhor filme do ano. Agora façam as vossas escolhas.
Feliz Ano Novo.
Feliz Ano Novo.
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