Com o muito trabalho que tenho e o pouco tempo livre de que posso dispor (sem ócios do ofício), à semelhança do que me aconteceu com o sueco Henning Mankell (ver "Direcção: Suécia", de 28 de Fevereiro de 2013) foi o título do último livro editado em Portugal do cubano Leonardo Padura, "Hereges" (Porto Editora, 2015), que finalmente me moveu a ler este afamado escritor.
Céptico e crítico em relação a todas as crenças de qualquer natureza, herético eu próprio por isso, o título chamou-me para um escritor que há muito vem sido traduzido para português mas por cujos livros tenho passado sempre com o comentário interior de que "ainda não tenho tempo nem é prioritário". Pois agora vou ter de arranjá-lo (o tempo) para ler Padura todo como entretanto fiz com Mankell, pois trata-se efectivamente de um grande escritor de uma área que sempre me interessou: o romance policial.
Mas claro que o cubano, como o sueco ou, por exemplo, a inglesa Ruth Rendell (1930-2015), que há pouco nos deixou, não é apenas um grande escritor de policiais, é um excelente escritor tout court, que tem alargado a temática dos seus mais recentes livros à história. E agora, à semelhança do que me acontece sempre com os grandes escritores que mais aprecio, vou tentar conhecer toda a sua obra, como ele merece. Espero ter ainda chegado a tempo de mais este grande escritor, um dos melhores da actualidade, no seu melhor superior ao melhor do catalão Manuel Vásquez Montalbán (1939-2003), que teve o mau gosto de nos deixar também ele há alguns anos.
Como nos grandes excritores acontece, aliam-se em Leonardo Padura o conhecimento da vida e dos homens, o conhecimento do presente e da história, um grande desassombro e referências literárias muito boas, que com ele partilho - "Hereges" é um dos melhores romances que me foi dado ler nos últimos anos. Se quiserem saber de mim, nos próximos tempos estou em Havana - e nem vos digo nem vos conto quantos nem quais (grandes escritores) tenho neste momento em "lista de espera". Aos editores portugueses, sempre atrás do último prémio literário e do último best-seller, lembro que o irlandês John Banville enquanto Benjamin Black tem apenas um livro traduzido em português.
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