O documentário de Apichatpong Weerasethakul "Mekong Hotel" (2012), agora estreado entre nós, é mais um filme belíssimo e encantatório do grande cineasta tailandês.
Nas margens do Mekong, o rio que passa na aldeia dele, são-nos no hotel dadas conversas comuns, diálogos do quotidiano, sobre conflitos próximos e distantes, sobre movimentos de populações semelhantes ao movimento do rio, entre uma mãe e uma filha, com um morto que regressa para fazer companhia e conversar. Será o ensaio de um filme, com mulheres e homens comuns aos quais podem acontecer coisas estranhas, como o cineasta nos habituou já.
Mas "Mekong Hotel", um filme relativamente curto, termina com um plano fixo muito longo do rio que barcos a motor cruzam. Aí somos deixados como numa janela para o horizonte, belíssimo e com uma ponte ao fundo, para que nos cale melhor a estúpida banalidade de tudo.
Claro que a câmara do cineasta está sempre, em exteriores e em interiores, há distância justa, e quando o plano fica vazio nós percebemos, continuamos sempre a perceber tudo. A cor é, como habitualmente nos filmes do cineasta, muito importante e de uma beleza estarrecedora.
Depois de "O Tio Boonmee que se Lembra das Suas Vidas Anteriores"/"Loong Boonmee raleuk chat" (2010) e de tudo o que o antecedeu, Apichatpong Weerasethakul, sempre como argumentista do seu próprio filme, enquanto esperamos a sua próxima longa-metragem de ficção continua a ser um grande cineasta de referência.
Sem comentários:
Enviar um comentário