“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

domingo, 21 de junho de 2015

A oriente um rio

  O documentário de Apichatpong Weerasethakul "Mekong Hotel" (2012), agora estreado entre nós, é mais um filme belíssimo e encantatório do grande cineasta tailandês.
  Nas margens do Mekong, o rio que passa na aldeia dele, são-nos no hotel dadas conversas comuns, diálogos do quotidiano, sobre conflitos próximos e distantes, sobre movimentos de populações semelhantes ao movimento do rio, entre uma mãe e uma filha, com um morto que regressa para fazer companhia e conversar. Será o ensaio de um filme, com mulheres e homens comuns aos quais podem acontecer coisas estranhas, como o cineasta nos habituou já.
                     Mekong Hotel
   Mas "Mekong Hotel", um filme relativamente curto, termina com um plano fixo  muito longo do rio que barcos a motor cruzam. Aí somos deixados como numa janela para o horizonte, belíssimo e com uma ponte ao fundo, para que nos cale melhor a estúpida banalidade de tudo.
   Claro que a câmara do cineasta está sempre, em exteriores e em interiores, há distância justa, e quando o plano fica vazio nós percebemos, continuamos sempre a perceber tudo. A cor é, como habitualmente nos filmes do cineasta, muito importante e de uma beleza estarrecedora.
                      Mekong Hotel
       Depois de "O Tio Boonmee que se Lembra das Suas Vidas Anteriores"/"Loong Boonmee raleuk chat" (2010) e de tudo o que o antecedeu, Apichatpong Weerasethakul, sempre como argumentista do seu próprio filme, enquanto esperamos a sua próxima longa-metragem de ficção continua a ser um grande cineasta de referência.

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