"Força maior"/"Turist" (2014) é o primeiro filme do sueco Ruben Östlund a estrear em Portugal e, com uma construção em seis partes, à semelhança de "O Cavalo de Turim", de Béla Tarr (2011), que até poderia lembrar, revela ser um bom filme. Simplesmente, aqui as personagens, o casal Tomas/Johannes Kuhnke e Ebba/Lisa Loven Konglsy e os seus dois filhos, Harry/Vincent Wettergren e Vera/Clara Wettergren, encontram-se numa estância de turismo, nos Alpes franceses, para passar alguns dias de férias na neve.
Com observações muito curiosas espalhadas lateralmente, vai ser o comportamento de Tomas quando de uma avalancha que vai constituir o centro do filme: ele fugiu, abandonando Ebba e os filhos, como vimos ter acontecido, ou não? Aqui se alonga a discussão entre o casal e com o casal mais novo, muito importante por fazer intervir um outro ponto de vista.
Até à crise de choro de Tomas, o salvamento por ele de Ebba em perigo e a viagem de autocarro mal conduzido pela montanha, com a saída dos passageiros e o regresso de Tomas ao tabaco. Depois do perigo e do resgate, da provação daqueles dias, todos podem passar a ser melhores e a conviver melhor consigo próprios e com os outros, enfrentar juntos os contratempos e perigos da vida, espera-se.
Pouco haveria a dizer não se dera o caso de o filme acompanhar permanentemente um diálogo que, sem crispações excessivas, é duro e nuclear, com repercussões naturais nos filhos do casal. Instalada a suspeita havia que esclarecê-la, e é esse percurso que "Força Maior" faz até ao fim, até ao momento em que um teleférico paira nas alturas, vertiginosamente.
De uma grande pertinência narrativa, que integra naturalmente uma proposta moralista, este um filme muito bem feito, com actores muito bons, uma música escassa mas oportuna e uma realização sempre segura.
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