"Ensurdecedor"/"Louder Than Bombs", de Joachim Trier (2015), é a terceira longa-metragem deste realizador norueguês, a primeira rodada nos Estados Unidos, e tem uma construção complexa que merece a nossa atenção.
A partir do segredo guardado pelo pai, Gene/Gabriel Byrne, de Conrad/Devin Druid sobre a causa da morte da sua mãe, Isabelle/Isabelle Huppert, famosa foto-jornalista de guerra, dois anos antes, que apenas o filho mais velho, Jonah/Jesse Eisenberg conhece, o realizador, também co-argumentista com Eskil Vogt, constrói o seu filme sobre várias vozes e recordações em tempos diferentes a partir de um presente em que a verdadeira causa da morte de Isabelle vai ser publicamente revelada.
Tudo se ajusta em termos de argumento e em termos de filme, embora a prevalência de um tom de melodrama familiar, porque circular seja pouco propícia a um maior desenvolvimento. Por outras palavras, apesar do seu interesse o filme não chega ao nível do argumento: embora mantenha uma realização tensa e precisa e interpretações correctas, patina várias vezes no percurso, narcisicamente enfadonho e sem perspectivas.
Muito americanamente simplista, anulando qualquer rugosidade com uma rasura do assunto por um pensamento formatado e definido à partida, sem aprofundar, a não ser pelo exterior acessível à memória, a personagem desaparecida, de que, contudo, preserva o mistério, o que constitui mesmo o seu maior mérito.
Espero que no seu próxima longa-metragem o cineasta possa confirmar as esperanças nele depositadas a partir da anterior, "Oslo, 31 de Agosto"/"Oslo, 31. august", 2011 (ver "Até ao fim", de 14 de Setembro de 2012), pois este "Ensurdecedor" surge, apesar das suas qualidades, como um objecto demasiado redondo e confortável.
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