Baseado no romance de Giancarlo De Cataldo e Carlo Bonini, "Suburra" é a segunda longa-metragem para cinema de Stefano Sollima (2015), também realizador da série televisiva "Gomorra" (2014-2016) que passou há uns meses no Arte.
Tudo é dirigido por um gangster poderoso, Samurai/Claudio Amendola, que está interessado em transformar Óstia numa nova Las Vegas e para o conseguir recorre a todos os estratagemas, incluindo a compra de um deputado, Filippo Malgradi/Pierfrancesco Favini, e relações privilegiadas com o Banco do Vaticano, Cardeal Berchet/Jean-Hugues Anglade, enquanto decorre uma guerra de gangs em que ele assegura protecção ao seu grado.
Sucedem-se mortes e vinganças, chantagens num mundo de sexo e drogas em que o dito deputado sai chamuscado pela morte de uma prostituta menor. O filme de Stefano Sollima tem o mérito de não poupar nada nem ninguém, personagens menores e maiores, todas elas envolvidas num mesmo imbrógleo mesmo se lateralmente, por medo, fraqueza ou compromissos sórdidos.
Mas ao contar tudo o que decorre entre 5 e 12 de Novembro de 2011, quando no Vaticano o Papa se apresta para resignar, "Suburra" explora os factos sem qualquer contraponto, o que o torna um filme sem reflexão para além de factos que, ficcionados embora, hoje em dia não espantam ninguém. Na teia de cumplicidades criminais vigora o princípio de que "todo o homem tem um preço", como dizem os portugueses que percebem do assunto - e é mesmo isso que mais odeio neles -, pelo que tudo e todos se compram e vendem como num típico filme de gangsters.
Apostando na estrutura clássica do filme de gangsters, todos os crimes são punidos durante o próprio filme, salvo o de Malgradi, peça eminentemente substituível no parlamento que vier a ser eleito a seguir. Em bruto, sem qualquer recuo ou distância o filme vale pelos seus elementos técnicos e artísticos, com fotografia de Paolo Carnera, música de Pasquale Catalano e montagem de Patrizio Marone, e actores todos eles muito bons.
Mas para além da "denúncia" não fica nada, o que faz com que saiba a pouco mais do que o seu próprio espectáculo - um bom espectáculo apesar de tudo num filme mais de género do que político que não deve ser tomado por mais do que aquilo que tem para dar.
Mas para além da "denúncia" não fica nada, o que faz com que saiba a pouco mais do que o seu próprio espectáculo - um bom espectáculo apesar de tudo num filme mais de género do que político que não deve ser tomado por mais do que aquilo que tem para dar.
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