“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sábado, 4 de junho de 2016

Subir

    "Evereste"/"Everest", de  Baltasar Kormákur (2015), com argumento de William Nicholson e Simon Beaufoy a partir do relato de Beck Weathers, é um bom espectáculo e um filme muito apreciável sobre uma expedição ao pico do mundo em 1996 que, bem sucedida na ascenção, decorreu desastrosamente no regresso. 
                       evereste-Filme
    A primeira parte, a da subida, é muito boa por nos dar a motivação, o desejo de cada um dos intervenientes de chegar ao topo do mundo, e acompanhar detidamente a escalada. Pensado e feito como grande espectáculo, torna-se especialmente interessante por as coisas não terem corrido como previsto no regresso, com um alpinista a seguir a outro a não conseguir regressar e sobreviver.
    Rodado nos próprios locais, esse facto valoriza o filme e confere-lhe uma maior verdade que os factos reais em que se baseia por si próprios exigiam. O grande dramatismo de "Evereste" decorre também desse facto e das grandes interpretações.               
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     Num tempo em que o grande espectáculo está em moda sobretudo no cinema americano - e a grande aposta do actual cinema americano é no grande espectáculo - devemos ser capazes de o apreciar quando ele é bom espectáculo, como aqui acontece. O drama dos alpinistas deste filme é o drama de todos nós: ter um sonho na vida e cumpri-lo, mesmo se no regresso não se sobrevive. 
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     Desde que não se exija de "Evereste" o que ela não pretende ser, pode admirar-se neste filme uma máquina de produção de emoções que funciona bem, em pleno. Dramática e visualmente, com um sopro clássico.  
     A lição de cooperação entre seres humanos com um objectivo comum é uma bela lição para um mundo em que se vive de espezinhar uns aos outros. Feito para 3D e Imax, "Evereste" é como um "Titanic" do alpinismo sem atingir o seu nível - sem James Cameron.

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