De origem islandesa e americana, Sólveig Anspach, que nos deixou em 7 de Agosto de 2015, apesar de ser uma cineasta apreciável não é conhecida em Portugal. Com o seu último filme, póstumo, "L'effet aquatique" (2016), a estrear até ao fim do mês, passou esta semana no Arte o seu penúltimo filme, "Lulu femme nue" (2013).
Com argumento seu e de Jean-Luc Gaget, a partir da banda-desenhada homónima de Étienne Davodeau, o filme conta com uma excelente interpretação de Karin Viard como Lucie, uma mulher de quarenta anos, casada e com filhos, que após uma entrevista de emprego mal sucedida parte à aventura sem destino certo. Sem o estardalhaço do cinema americano e das suas vedetas, o filme desenrola-se calmamente confrontando a protagonista com um homem mais velho, que vive numa caravana, mas também com outras mulheres, de todas as idades.
Graças ao percurso aberto da protagonista, o filme de Sólveig Anspach dá-nos os problemas de mulheres em todas as idades e condições, numa perspectiva feminina inteligente e com um final, depois do regresso a casa de Lulu, muito bem resolvido em termos fílmicos. Como sublinhou a crítica francesa aquando da estreia do filme, a cineasta encena aqui a sua própria morte.
Pois estas coisas não chegam a Portugal por não interessarem distribuídores apenas movidos pelos nomes mais conhecidos e pelos sucessos de bilheteira. Felizmente existe o Arte que nos permite conhecer tudo o que de mais relevante é feito em toda a Europa e em todo o mundo.
Na despedida tardia, a minha homenagem a Sólveig Anspach, uma boa cineasta que faz falta.
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