Fui ver "Last Vegas - Despedida de Arromba"/"Last Vegas", de John Turtelbaub (2013), por ser uma comédia e por causa dos actores: Robert De Niro, Michael Douglas, Morgan Freeman e Kevin Kline. Não fiquei desiludido, embora considere que a grande época da screwball comedy e dos grandes actores e cineastas americanos do género (Frank Tashlin, Jerry Lewis, Blake Edwards, Peter Falk) não tem neste momento continuadores à sua altura.
O tom ligeiro mas sentimental do filme fica-lhe bem e é bem defendido pelos actores - além dos mencionados "cabeças de cartaz", Mary Steenburgen. Amigos de infância, Paddy/De Niro, Archie/Freeman e Sam/Kline embarcam num fim de semana em Las Vegas para a despedida do único solteiro do grupo, Billy/Douglas, com o qual o primeiro está muito zangado. Metem-se pelo meio incidentes de percurso, como Diana/Steenburger, uma história passada entre Paddy e Billy revela-se em episódios antigos e recentes com consequências no presente e tudo acaba por se esclarecer, dadas as circunstâncias da melhor maneira.
O que "Last Vegas - Despedida de Arromba" me fez lembrar foi "Maridos"/"Husbands, de John Cassavetes (1970), bem melhor do que este, mas Cassavetes impunha, como actor e sobretudo como realizador, a originalidade, a frescura e a grande qualidade em tudo o que fazia. Mesmo assim, com actores todos eles notáveis John Turtelbaub faz um bom trabalho, aproveitando-se bem do lugar que Las Vegas ocupa no imaginário americano.
Demasiado bem comportado apesar de tudo, este é um filme que faz lembrar outras épocas e outros filmes (Cary Grant e Katharine Hepburn nas comédias de Howard Hawks, Jack Lemmon e Shirley MacLaine nas de Billy Wilder), assumindo com brio um género hoje em dia maioritariamente entregue a patetices adolescentes. Com momentos bem achados e bem resolvidos em termos de cinema e de interpretações, incluindo o final, "Last Vegas - Despedida de Arromba" pelo menos não envergonha.
Jogando inteligentemente com a memória e com o mito, este é um filme que, com grandes actores (sempre indispensáveis na comédia) utilizando a sua própria imagem no cinema, recupera um género contrariamente ao que se possa pensar muito difícil e com uma larga e importante tradição no cinema americano. John Turtelbaub mostra estar aqui no bom caminho.
Jogando inteligentemente com a memória e com o mito, este é um filme que, com grandes actores (sempre indispensáveis na comédia) utilizando a sua própria imagem no cinema, recupera um género contrariamente ao que se possa pensar muito difícil e com uma larga e importante tradição no cinema americano. John Turtelbaub mostra estar aqui no bom caminho.
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