O que despertou a minha atenção para "Diário Secreto de um Caçador de Vampiros"/"Abraham Lincoln: Vampire Hunter", de Timur Bekmambetov (2012), foi o aparecimento do nome de Tim Burton na produção. Uma vez o filme visto, entende-se bem que aquele, embora não seja o típico Tim Burton film, tem muitas marcas que o ligam ao seu imaginário visual.
A ideia de agarrar no famoso Presidente americano do tempo da Guerra Civil para, a partir da sua infância, fazer dele um caçador de vampiros é original e está bem desenvolvida ao acompanhá-lo ao longo da sua vida, antes e depois de se ter tornado o 16º Presidente do seu país. A parte visual do filme está muito bem construída e desenvolvida, com vampiros bem caracterizados e a apropriada inclusão de momentos de animação sobre a história da humanidade.
Recapitulando a história e a lenda até Gettysburg e à fatídica partida para o teatro naquele fim de tarde de Abril de 1865, "Diário Secreto de um Caçador de Vampiros" aguenta-se do ponto de vista histórico o suficiente para sobre ele ser construído como filme de vampiros, vampiros esses que acabam por se aliar aos confederados. Com momentos de acção (os ataques dos vampiros) e momentos dramáticos (o final, com a caminhada de comboio para a frente) muito bem resolvidos, o filme consegue ser inovador e original onde menos se esperaria.
O Tim Burton touch, embora presente não se torna impositivo, deixando margem criativa para o realizador que a sabe aproveitar. Com actores sóbrios e seguros, nomeadamente Benjamin Walker como Abe Lincoln, Dominic Cooper como Henry Sturges (pleno de ambiguidade), Anthony Mackee como Will Johnson (o fiel amigo de infância), Mary Elizabeth Winstead como Mary Todd Lincoln, Rufus Sewell como Adam (o vampiro-chefe), Erin Wasson como Vandoma, sem ofender a história, antes respeitando-a até onde pode, este filme joga com a lenda de maneira desinibida e feliz. Como é absolutamente necessário num filme de vampiros, os vampiros estão muito bem caracterizados e interpretados. Claro que, nas condições actuais, "Diário de um Caçador de Vampiros" joga com a "construção do inimigo", o que se compreende. Mas, típico filme de vampiros, joga também com a ambiguidade de Henry, o mentor de Abe, e com a astúcia do caçador. O final vem confirmá-lo, num jogo também ele astuto com o espectador. E o filme anterior para que este remete é "A Grande Esperança"/"Young Mr. Lincoln", de John Ford (1939).
A este nível, o do divertimento inteligente, o cinema americano continua a ser muito bom.
A este nível, o do divertimento inteligente, o cinema americano continua a ser muito bom.
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