Com poucos dias de intervalo de Nelson Mandela (1918-2013) morreu o actor irlandês Peter O'Toole (1932-2013), um grande actor de teatro e de cinema que, educado em Inglaterra, ficou singularmente marcado pela personagem de T. E Lawrence que interpretou em "Lawrence da Arábia"/"Lawrence of Arabia", de David Lean (1962). Foi um grande actor mas a sua figura ficou emblematicamente ligada a este filme, que marcou uma época e o apogeu da arte do seu realizador.
Poderia pensar noutros actores que ficaram associados a um determinado papel, mas o caso dele é especialmente notável porque a notoriedade que com esse filme alcançou, num papel com grande significado histórico, não a voltou a alcançar.com nenhum outro. O seu foi, pois, o caso de um filme feliz, mítico, e de uma grande interpretação que desde cedo definiram o seu lugar na história do cinema.
Pode considerar-se que David Lean fez filmes melhores, mas foi de facto nesse que ele alcançou um enlace único entre a história do seu país e o cinema, centrando-se numa personagem ímpar e filmando o deserto e no deserto como talvez mais ninguém tenha feito. Em todo o caso, se há filmes cuja fama excede o seu realizador "Lawrence da Arábia" é um caso paradigmático, muito por causa dos actores, Peter O'Toole e Omar Sharif, mas também Alec Guiness e Anthony Quinn. E não tenho dúvida de que há actores mais famosos do que os cineastas com que trabalham, por muito destacados que eles sejam.
Houve outros actores britânicos mais importantes do que ele no Século XX? Sem dúvida. Mas o jovem O'Toole, cuja carreira no cinema viria a ser notável - logo em 1965 a
interpretação do protagonista de "Lord Jim", de Richard Brooks, baseado
na novela de Joseph Conrad, "Como Roubar Um Milhão"/"How to Steel a
Million", de William Wyler (1966), em que contracenou com Audrey
Hepburn, e "O Leão no Inverno"/"The Lion in Winter", de Anthony Harvey
(1967), em que como Henrique II contracenou com Katharine Hepburn -, marcou em "Lawrence da Arábia" uma época e mais do que uma geração na história do cinema. Também por isso, sobretudo por isso, aqui o recordo e lhe presto a minha respeitosa homenagem.
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