“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Faz sentido

    Tendo-se estreado promissoramente no cinema com "O Último Combate"/"Le dernier combat" (1983) e "Subterrâneo"/"Subway" (1985), o francês Luc Besson tem prosseguido desde os anos 90 uma carreira internacional em que o seu melhor filme é "O Quinto Elemento"/"The Fifth Element" (1997), um filme de ficção científica, género pelo qual tem manifestado preferência.
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     Não surpreende, pois, que o seu mais recente filme, "Lucy" (2014), seja mais um filme de ficção científica, em que ele cruza o género com a personagem solitária que vem dos seus filmes iniciais, nomeadamente "Nikita - Dura de Matar"/"Nikita" (1990) e "Léon, o Profissional"Léon" (1994). Para mais, este é um filme que encara audaciosamente a ficção científica (o grau de exploração da capacidade cerebral humana), não mostrando medo do conhecimento.
      Com a protagonista, interpretada por Scarlett Johansson, perseguida por um gang taiwanês e disposta a experimentar em si própria possibilidades desconhecidas do cérebro humano, "Lucy" faz uma viagem arrojada pela história da humanidade e pelo seu futuro com recurso a efeitos especiais justificados e bem utilizados, procurando uma caução científica na figura do Professor Norman/Morgam Freeman. 
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    A partir de argumento seu, o cineasta mostra-se inteiramente consistente com a sua obra anterior, perante a qual "Lucy" faz sentido. A intromissão de sequências de humor, em Paris (a perseguição automóvel, o hospital), justifica-se, e o filme mantém até ao fim o mistério que contrói, sem preocupações de verosimilhança mas chamando a atenção para questões pertinentes: a investigação científica, o tráfico de drogas.
    Não sou um admirador incondicional de Luc Besson mas reconheço a sua marca pessoal neste seu novo filme, uma marca pessoal que existe e é de saudar. E juntar Scarlett Johansson e Morgan Freeman é uma boa ideia, que se mostra inteirmente justificada.

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