Tendo-se estreado promissoramente no cinema com "O Último Combate"/"Le dernier combat" (1983) e "Subterrâneo"/"Subway" (1985), o francês Luc Besson tem prosseguido desde os anos 90 uma carreira internacional em que o seu melhor filme é "O Quinto Elemento"/"The Fifth Element" (1997), um filme de ficção científica, género pelo qual tem manifestado preferência.
Não surpreende, pois, que o seu mais recente filme, "Lucy" (2014), seja mais um filme de ficção científica, em que ele cruza o género com a personagem solitária que vem dos seus filmes iniciais, nomeadamente "Nikita - Dura de Matar"/"Nikita" (1990) e "Léon, o Profissional"Léon" (1994). Para mais, este é um filme que encara audaciosamente a ficção científica (o grau de exploração da capacidade cerebral humana), não mostrando medo do conhecimento.
Com a protagonista, interpretada por Scarlett Johansson, perseguida por um gang taiwanês e disposta a experimentar em si própria possibilidades desconhecidas do cérebro humano, "Lucy" faz uma viagem arrojada pela história da humanidade e pelo seu futuro com recurso a efeitos especiais justificados e bem utilizados, procurando uma caução científica na figura do Professor Norman/Morgam Freeman.
A partir de argumento seu, o cineasta mostra-se inteiramente consistente com a sua obra anterior, perante a qual "Lucy" faz sentido. A intromissão de sequências de humor, em Paris (a perseguição automóvel, o hospital), justifica-se, e o filme mantém até ao fim o mistério que contrói, sem preocupações de verosimilhança mas chamando a atenção para questões pertinentes: a investigação científica, o tráfico de drogas.
Não sou um admirador incondicional de Luc Besson mas reconheço a sua marca pessoal neste seu novo filme, uma marca pessoal que existe e é de saudar. E juntar Scarlett Johansson e Morgan Freeman é uma boa ideia, que se mostra inteirmente justificada.
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