Apresentado com outras três curtas-metragens de Manoel de Oliveira, "O Velho do Restelo" (2014) passa melhor como reflexão sobre a história. Fundamentalmente uma colagem de textos, de filmes e de composições musicais, o último filme em data do centenário cineasta português surge como um novo culminar de uma obra muito rica e diversificada, e por isso penso que devia ser o último a ser apresentado nesta sessão. Porque explica os outros, grandes filmes aí exibidos: "Douro, Faina Fluvial", na versão de 1994 com a montagem de 1999, "O Pintor e a Cidade" (1956), fabuloso documentário em cores exuberantes, e "Painéis de São Vicente de Fora - Visão Poética" (2010).
Conto-me entre aqueles que acreditam que o génio não tem idade e por isso não tenho objecções nem condições a colocar a "O Velho do Restelo", que vale pelo seu discurso próprio, construído pelo cineasta sobre o de quatro grandes escritores - Luís de Camões/Luís Miguel Cintra com "Os Lusíadas", Miguel de Cervantes com o seu D. Quixote/Ricardo Trêpa, Camilo Castelo Branco/Mário Barroso e Teixeira de Pascoaes/Diogo Dória -, e sobre quatro dos seus filmes - "Amor de Perdição" (1978), "Non ou A Vã Glória de Mandar" (1990), "O Dia do Desespero" (1992) e "O Quinto Império - Ontem como Hoje" (2004) - mais o "Dom Quixote" de Grigori Kozintsev (1957), e vale pela sua lição de montagem.
Pensar nunca fez mal ao cinema e Manoel de Oliveira continua a pensar admiravelmente em cinema, com grande lucidês, desassombro e brio. Juntar a este os outros três grandes filmes de curta-metragem foi uma boa ideia, pois aí ele pensa também em cinema num formato que sempre dominou na perfeição - "Douro Faina Fluvial" a preto e branco e em terceira versão, "O Pintor e a Cidade" o filme decisivo sobre a criação pictórica no espaço e no tempo em que acontece, com o pintor António Cruz (1907-1983), "Painéis de São Vicente de Fora - Visão Poética" uma grande reflexão sobre um quadro histórico e enigmático (sobre o cineasta, ver "Sob o mesmo signo", de 12 de Fevereiro de 2012, "Regresso às origens", de 27 de Fevereiro de 2012, "A morte do fotógrafo", de 14 de Abril de 2012, "Oliveira filosófico", de 28 de Outubro de 2012, e "Um filme histórico", de 15 de Março de 2014).
Aproveito para deixar aqui uma palavra de muito apreço pelo livro de Júlia Buisel "Antes Que Me Esqueça" (Il Sorpasso/Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura), um depoimento fundamental e muito esclarecedor, que faz todo o sentido da parte fiel colaboradora de Oliveira, testemunha privilegiada dos últimos 50 anos do cinema português.
Pensar nunca fez mal ao cinema e Manoel de Oliveira continua a pensar admiravelmente em cinema, com grande lucidês, desassombro e brio. Juntar a este os outros três grandes filmes de curta-metragem foi uma boa ideia, pois aí ele pensa também em cinema num formato que sempre dominou na perfeição - "Douro Faina Fluvial" a preto e branco e em terceira versão, "O Pintor e a Cidade" o filme decisivo sobre a criação pictórica no espaço e no tempo em que acontece, com o pintor António Cruz (1907-1983), "Painéis de São Vicente de Fora - Visão Poética" uma grande reflexão sobre um quadro histórico e enigmático (sobre o cineasta, ver "Sob o mesmo signo", de 12 de Fevereiro de 2012, "Regresso às origens", de 27 de Fevereiro de 2012, "A morte do fotógrafo", de 14 de Abril de 2012, "Oliveira filosófico", de 28 de Outubro de 2012, e "Um filme histórico", de 15 de Março de 2014).
Aproveito para deixar aqui uma palavra de muito apreço pelo livro de Júlia Buisel "Antes Que Me Esqueça" (Il Sorpasso/Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura), um depoimento fundamental e muito esclarecedor, que faz todo o sentido da parte fiel colaboradora de Oliveira, testemunha privilegiada dos últimos 50 anos do cinema português.
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