“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Um ano em livros

    Num ano assinalado pela publicação do primeiro volume da "Obre Escrita", de João César Monteiro (Lisboa: Letra Livre, 2014), para que aqui chamei oportunamente a atenção (ver "Avé César", de 31 de Outubro de 2014), destacaram-se duas obras de referência: "O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal", com coordenação de José Neves, que publica os debates ocorridos durante o ciclo que, promovido pelo Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, teve lugar entre Outubro de 2007 e Março de 2008 (Porto: Dafne Editora, 2014); "Cinema e Filosofia - Compêndio", com organização de João Mário Grilo e Maria Irene Aparício, fruto do trabalho desenvolvido no âmbito do importante projecto Film & Philosophy: mapping an encounter, um projecto sediado no Instituto de Filosofia da Linguagem da Facudade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa com 4 anos de duração (Lisboa: Edições Colibri, 2013). Embora muito bons, salvo o primeiro estes eram livros devidos, por isso esperados.
     Para mim a surpresa foi, contudo outra: "Em Torno do Cinema - Visualizando a Modernidade: narrativas e olhares do ecrã", de Chritopher Damien Auretta (Lisboa: Edições Colibri, 2013), de um autor que de todo não conhecia e tem outros livros muito importantes sobre outros temas publicados na mesma editora.
                                      zoom 
        Sobre cinema português destacam-se a 2ª edição, revista e aumentada, do fundamental "O cinema português através dos seus filmes", com organização de  Carolin Overhoff Ferreira (Lisboa: Edições 70, 2014); "Manoel de Oliveira. Análise estética de uma matriz cinematográfica", com organização de Nelson Araújo (Lisboa: Edições 70, 2014); "Imagens Achadas - Documentário, Política e Processos Sociais em Portugal", com coordenação de Patrícia Vieira e Pedro Serra (Lisboa: Edições Colibri, 2014). Num percurso histórico muito interessante, salienta-se "O Cinema Ideal e a Casa da Imprensa - 110 anos de filmes", de Maria do Carmo Piçarra (Lisboa: Guerra & Paz, 2014). Com um objectivo mais didáctico, realce para "Tempo Memória Análise" de Jorge Seabra (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014). Na justa homenagem que lhe foi este ano prestada, importa chamar a atenção para "António da Cunha Telles - Continuar a Viver", com organização de Manuel Mozos (Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, 2014).
      A Orfeu Negro, uma editora que vivamente recomendo, prosseguiu a tradução do filósofo francês Jacques Ranciére com "A Fábula Cinematográfica" (Lisboa: 2014), enquanto já no final do ano saiu o muito aguardado terceiro volume, respeitante a 2006, dos excepcionais e fascinantes escritos de João Bénard da Costa: "Crónicas: Imagens Proféticas e Outras", com edição de Lúcia Guedes Vaz (Lisboa: Documenta 2014).                                                   
                                     
      Da exposição do cineasta João Botelho "Só acredito num deus que saiba dançar", que esteve patente no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, saiu o respectivo e muito interessante catálogo (A Oficina e Sistema Solar - Documenta, 2014).
      No final do ano saíram dois importantes livros: "100 Anos de Fotografia Científica em Portugal (1839-1939). Imagens e Instrumentos", com coordenação de Fernanda Madalena Costa e Maria Estela Jardim (Lisboa: Edições 70, 2014), e "O Império da Visão. Fotografia no Contexto Colonial Português (1860-1969)", com organização de Filipa Lowndes Vicente (Lisboa: Edições 70, 2014)
                                     
     Mas obra que marcou este ano as artes visuais foi "Arte na Cidade - História Contemporânea", de Mário Caeiro (Lisboa: Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2014), sobre a arte em espaço público urbano, um livro de grande actualidade que me interessa muito e aqui recomendo pela sua perspectiva abrangente e exaustiva, também pela qualidade e pertinência das imagens incluídas. Pela sua grande qualidade, até na apresentação gráfica (é um livro muito bonito), constitui-se como uma referência sobre as astes visuais e a contemporaneidade, pelo que o considero o melhor livro de 2014 em Portugal
    Quero terminar chamando a atenção para um pequeno livro muito curioso: "O Lápis Mágico: Uma História da Construção da Fotografia", com edição de Carlos Sousa de Almeida e Carlos M. Fernandes e tradução do primeiro (Lisboa, IST Press, 2014). Uma boa ideia muito bem concretizada, pela qual felicito os seus responsáveis e o Instituto Superior Técnico.

Sem comentários:

Enviar um comentário