“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

domingo, 14 de dezembro de 2014

Idosa e despachada

      "La douce empoisonneuse" é um filme baseado no romance homónimo do finlandês Arto Paasilinna feito para a televisão pelo francês Bernard Stora (2014). Para além de uma boa adaptação, o filme distingue-se por uma realização sóbria mas muito expressiva e por interpretações muito boas, com destaque para Line Renaud como Clémence.
     Acossada pelo seu sobrinho Charlie/Nicolas Lumbreras e os seus amigos, depois de experimentar nos pombos a velha senhora vai-os eliminando um a um sem deixar traços, enquanto toma conhecimento da verdadeira origem desse estranho sobrinho.             
                      
      Aparentemente despretensioso, este é um filme que, em tom de comédia negra, dá conta de si de forma desenvolta e justa, jogando com a elipse de forma eloquente e deixando uma imagem no limite do burlesco dos seus jovens meliantes, impotentes perante a malícia de Clémence.
     Sem que quase se dê por isso, fazem-se hoje em dia filmes para televisão que não ficam a dever nada ao cinema, o que tem mesmo precedentes de vulto como Alfred Hitchcock e Claude Chabrol, que teriam adorado este filme. E para ver isto não há como o Arte, actualmente melhor do que nunca, com corcertos live on-line e tudo.

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