A exposição "António Cruz 1907-1983" que está na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até ao próximo dia 18 de Outubro, é uma ocasião única e imperdível de conhecer um grande artista português que a coincidência espacial e temporal fez com que tivesse sido o protagonista não acidental de um filme mítico, "O Pintor e a Cidade", de Manoel de Oliveira (1956).
Grande pintor de aguarela do Século XX português, na tradição do romantismo internacional contra o moderno e o modernismo português, António Cruz é um grande artista invisível pois os seu quadros que resistiram à devastação da sua obra se encontram todos em colecções particulares, o que torna esta exposição uma ocasião única para todos de ficarem a conhecê-la no que dela restou.
Resguardado na sua modéstia e na sua falta de vedetismo, muito bem o pintor deixou na sua obra o testemunho exuberante de uma vida dedicada à pintura, que honrou com uma dignidade e um brio inigualáveis. Especialmente a cidade do Porto aí encontra a sua imagem fiel e comovente, em quadros que a documentam num tempo que foi também o de Manoel de Oliveira.
Promovida pela Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas, C. R. L., e comissariada por Laura Soutinho, esta é provavelmente a melhor exposição do ano em Portugal. O que precisam de saber sobre o artista está em "Um desenho de luz", o prefácio luminoso de Bernardo Pinto de Almeida do catálogo respectivo, que reproduz mais quadros dele do que os expostos.
Não tendo conhecido pessoalmente António Cruz, o que lamento, não quero neste momento de uma exposição única deixar de referir que fui professor de uma bisneta sua, Luísa Mesquita Cruz, que daqui saúdo afectuosamente. In memoriam memoriae.
Não tendo conhecido pessoalmente António Cruz, o que lamento, não quero neste momento de uma exposição única deixar de referir que fui professor de uma bisneta sua, Luísa Mesquita Cruz, que daqui saúdo afectuosamente. In memoriam memoriae.
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