“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Exposição única

     A exposição "António Cruz 1907-1983" que está na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até ao próximo dia 18 de Outubro, é uma ocasião única e imperdível de conhecer um grande artista português que a coincidência espacial e temporal fez com que tivesse sido o protagonista não acidental de um filme mítico, "O Pintor e a Cidade", de Manoel de Oliveira (1956).
      Grande pintor de aguarela do Século XX português, na tradição do romantismo internacional contra o moderno e o modernismo português, António Cruz é um grande artista invisível pois os seu quadros que resistiram à devastação da sua obra se encontram todos em colecções particulares, o que torna esta exposição uma ocasião única para todos de ficarem a conhecê-la no que dela restou. 
                                  Fotografia de António Cruz
       Resguardado na sua modéstia e na sua falta de vedetismo, muito bem o pintor deixou na sua obra o testemunho exuberante de uma vida dedicada à pintura, que honrou com uma dignidade e um brio inigualáveis. Especialmente a cidade do Porto aí encontra a sua imagem fiel e comovente, em quadros que a documentam num tempo que foi também o de Manoel de Oliveira.
      Promovida pela Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas, C. R. L., e comissariada por Laura Soutinho, esta é provavelmente a melhor exposição do ano em Portugal. O que precisam de saber sobre o artista está em "Um desenho de luz", o prefácio luminoso de Bernardo Pinto de Almeida do catálogo respectivo, que reproduz mais quadros dele do que os expostos. 
       Não tendo conhecido pessoalmente António Cruz, o que lamento, não quero neste momento de uma exposição única deixar de referir que fui professor de uma bisneta sua, Luísa Mesquita Cruz, que daqui saúdo afectuosamente. In memoriam memoriae.

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