A austríaca Barbara Albert é apenas conhecida entre nós como co-produtora de alguns filmes, de que se destaca "O Pesdelo de Darwin"/"Darwin's Nightmare", de Hubert Sauper (2004), apesar de já ter realizado sete longas-metragens de ficção - a primeira, "Der andern eine Grube gräbt" (1991), a mais recente "Die Lebenden"/"Les vivants" (2012), que esta semana passou no Arte - um documentário e quatro curtas.
Com argumento e produção, além da realização, seus, "Die Lebenden" narra uma história de memória, do passado de um homem que durante a II Guerra Mundial integrou as SS em Auschwitz, Gerhard Weiss/Hanns Schuschnig, que a sua neta, Sita/Anna Fischer, de 25 anos, não conhecia e vai justamente tentar averiguar.
Numa altura em que o jornal Público está a publicar uma série de importantes documentários sobre a II Grande Guerra e o Holocausto na passagem de 70 anos sobre o seu termo, que vivamente aconselho, torna-se muito interessante ver como o filme de ficção pode agarrar ainda na mesma questão com um trabalho fílmica e narrativamente muito bom.
Com o aparecimento do primo do seu pai, Michael Weiss/Winfried Glatzeder, a permitir assistir às gravações que ele próprio fez do seu avô, depois da morte deste Sita acede até ao fim ao desvelar do seu segredo até então oculto e que apenas por documentos escritos e fotográficos chegara a conhecer. Coloca-se-lhe, então, a questão de como julgá-lo, sobretudo depois do encontro em Auschwitz com a filha de uma resistente deportada, uma questão que se transfere para o espectador.
De princípio a fim que a vida de Sita se desenvolve sentimentalmente e evolui também ao sabor das deslocações que faz pela Europa, em que acaba por deparar com as questões do presente ao vivo. E em termos de tal felicidade este presente se desenvolve que não deixa de referir momentos cruciais da Europa dos últmos 40 anos, não se dispensa da doença cardíaca que surge na protagonista e a coloca no final perante a opção do seu futuro.
De resto a realização é muito boa, com uma montagem segura e animada, uma fotografia a cores muito boa, música contemporânea e excelentes intérpretes. Mas o que fica é a ideia excelente que resulta do filme no seu todo, em que os vivos têm de conviver com os mortos, o presente com o passado.
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