“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Poética de Wes Craven

      Autor de filmes de terror de Série B que o tornaram uma referência no cinema da Nova Hollywood, Wes Craven (1939-2015), que hoje nos deixou, deixa um lugar definido por preencher na história do cinema.
                                  
     Com os diferentes episódios de "Pesadelo em Elm Street"/"A Nightmare on Elm Street", que também escreveu, a partir de 1984 e os de "Gritos"/Scream" a partir de 1996, Craven impôs um novo modelo de filme de terror que excede a herança de clássicos e modernos do cinema para situar numa exacerbação narrativa de métodos e processos visuais e sonoros um género em que foi incomparável e se tornou paradigmático.  
     O seu estilo de Série B ressuscitada em novos termos foi muito importante e de tal modo influente que deu origem a séries televisivas e jogos de vídeo. O seu maior mérito foi confrontar os espectadores com os seus maiores terrores, o medo radical do outro, em filmes marcados por uma elegância de estilo que foi própria dos grandes mestres da fórmula nos seus inícios (Jacques Tourneur, Anthony Mann).
                     
       A sua foi uma poética do filme de terror da Série B, superlativamente aterrorizador  na sua soberba, superior mestria técnica e estética ao confrontar-nos com a aproximação, a iminência do outro como ameaça mortal. A máscara de Freddy Krueger e os gritos dos filmes com o mesmo nome continuam a assombrar a nossa memória como o trabalho da morte - a morte em trabalho. 
      Continuar a ver os filmes de Wes Craven, todos os seus filmes, mesmo os que, como "Melodia do Coração"/"Music of the Heart" (1999), não são filmes de terror, é a melhor homenagem que se lhe pode prestar - os seus últimos filmes foram "A Sétima Alma"/"My Soul to Take" (2010) e "Gritos 4"/"Scream 4" (2011). Para conhecermos bem uma parte significativa do melhor do cinema contemporãneo e continuarmos a aprender com ele a não ter medo do medo.

Sem comentários:

Enviar um comentário