Passou ontem no Arte "Três Irmãs"/"Les trois soeurs", de Valeria Bruni Tedeschi (2015), adaptação livre da peça homónima de Anton Tchékhov feita pela realizadora, Noémie Lvovsky e Caroline Leruas e com interpretação de actores e actrizes da Comédie-Française.
Feito embora para televisão, o filme nada perde graças à excelente adaptação, às grandes interpretações e a uma realização inteligente, que deixa a câmara perder-se e divagar entre aquele punhado de personagens, seguindo-as e deixando-as para frequentemente deixar quem fala fora de campo, num filme todo ele construído sobre esta figura da linguagem cinematográfica.
Tenho em grande apreço Valeria Bruni Tedeschi como actriz e como realizadora de cinema ("É Mais Fácil Um Camelo..."/"Il est plus facile pour un chameau...", 2003, "Actrizes"/"Actrices", 2007, "Um Castelo em Itália",/"Un château en Italie", 2013), qualidade esta em que ela aqui volta a mostrar todos os seu dotes de uma forma superior com um material narrativo superior.
Paradas num tempo indeciso, entre o final do Século XIX e o início do XX, as personagens de "Três Irmãs" desenvolvem no espaço de uma mansão de província uma teia cerrada de relações com diálogos fabulosos em que as palavras breves falam tanto como os grandes arroubos dramáticos, de forma a nunca juntar o que se aproxima e ir afastando o que estava próximo, com inevitável insatisfação e perspectiva de solidão revelando a modernidade do texto.
A justa inclusão da máquina de projectar do cinema, do ecrã e de filmes, um dispositivo muito bem utilizado visual e narrativamente, e um curto filme de Georges Méliès no final valorizam este grande filme. (Anton Tchékhov está publicado em português pela Relógio D'Água.)
A justa inclusão da máquina de projectar do cinema, do ecrã e de filmes, um dispositivo muito bem utilizado visual e narrativamente, e um curto filme de Georges Méliès no final valorizam este grande filme. (Anton Tchékhov está publicado em português pela Relógio D'Água.)
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