"A Vingança de Michael Koolhaas"/"Michael Kohlhaas", de Arnaud des Pallières (2013), é o primeiro filme desta cineasta francês a estrear entre nós e, portanto, o seu primeiro filme que conheço.
Embora baseado na mesma novela de Heinrich von Kleist, não se trata propriamente de um remake de "Michael Kohlhaast, O Rebelde"/"Michael Koolhaas - Der Rebell" de Volker Schlöndorff (1969) mas de uma nova leitura do mesmo texto, sem deixar nada a dever à anterior.
Num ambiente muito bem reconstituído, o protagonista/Mads Mikkelsen debate-se com a sua revolta, transformada em revolta camponesa, contra a injustiça da aristocracia dominante, não por causa da não devolução de dois cavalos negros nem por causa da morte da sua mulher e mãe da sua filha, Judith/Delphine Chuillot, como ele explica a esta, Lisbeth/Mélusine Mayance, mas porque...
Em contexto de época muito bem reconstituída e com excelentes interpretações, com recurso regular e judicioso ao grande-plano e ao plano de pormenor em contraste com planos gerais o cineasta não desdanha os diálogos, neste caso essenciais, em que avultam os que Kohlhaas trava com a filha, com o Pastor/Denis Lavant e com a Princesa/Roxane Duran, este último com o precioso esclarecimeno de que ele se debate entre o amor dos que o seguem e o temor dos inimigos.
O tom de tragédia do texto kleistiano é respeitado e o abismar-se do protagoniata perante o seu destino ainda hoje, apesar da ausência sistemática de individualiazação suficiente dos seus seguidires, na realização de Arnaud des Pallières nos comove. E aqui é preciso ler no rosto de Michael Kohlhass e de Lisbeth, a sua filha, o enigma deste filme.
"A Vingança de Michael Kohlhass" é, pois, um filme muito bom, que revela um cineasta que vale a pena conhecer.
"A Vingança de Michael Kohlhass" é, pois, um filme muito bom, que revela um cineasta que vale a pena conhecer.
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