Só agora tive ocasião de ver "O Último dos Injustos"/"Le Dernier des injustes", de Claude Lanzmann (2013), cineasta de referência sobre a II Guerra Mundial e o Holocausto desde o monumental "Shoah" (1985), numa obra em que é também destacado especialmente "Sobibór, 14 octobre 1943, 16 heures" (2001), que permanece inédito em Portugal.
Centrado num judeu que interveio do lado das vítimas judaicas em todo o processo que conduziu à chamada Solução Final e mesmo durante esta, Benjamin Murmelstein, que foi Rabino em Viena e Presidente do Conselho Judaico no "gueto modelo", de facto campo de concentração e de extermínio selectivo, de Theresienstadt e, como tal, desempenhou funções de intermediário entre os algozes e as vítimas que se têm prestado a diversas interpretações, este é um filme fundamental e que não pode deixar indiferente.
Centrado num judeu que interveio do lado das vítimas judaicas em todo o processo que conduziu à chamada Solução Final e mesmo durante esta, Benjamin Murmelstein, que foi Rabino em Viena e Presidente do Conselho Judaico no "gueto modelo", de facto campo de concentração e de extermínio selectivo, de Theresienstadt e, como tal, desempenhou funções de intermediário entre os algozes e as vítimas que se têm prestado a diversas interpretações, este é um filme fundamental e que não pode deixar indiferente.
Ouvindo-o longamente em Roma em 1975 em imagens e entrevistas nunca antes reveladas, o documentarista disponibiliza para todos um testemunho fundamental de quem, podendo ter escapado à situação atroz, preferiu, como ele diz por espírito de aventura, ficar para ajudar no que ele designa como uma missão. Todo o depoimento Murmelstein, feito a partir da memória, viva e fresca, de quem esteve presente, é impressionante, e deita abaixo verdades que a história tinha estabelecido sem o levar em consideração - por exemplo sobre Eichmann, entre outras questões e personalidades de que fornece pormenores até agora desconhecidos.
Mas não apenas isso. Claude Lanzmann mostra os locais na actualidade e algumas imagens, fotografias e até um excerto de um filme nazi da época, mas também revela ao mundo desenhos e pinturas feitos por prisioneiros durante o Holocausto. Com uma persistência e argúcia notáveis, questiona o seu interlocutor sem lhe dar tréguas nem facilidades, o que, com a colaboração sem restrições deste, homem inteligente e culto, conduz a um documento excepcional, absolutamente indispensável.
Claude Lanzmann é o grande historiador da II Guerra Mundial e do Holocausto no cinema e este era um filme que ele devia e cumpre com toda a justeza histórica e cinematográfica, para nosso conhecimento e completa dilucidação da magna questão do Século XX.
Durante "O Último dos Injustos" ele recupera a imagem de Benjamin Murmelstein dando-lhe a palavra e a oportunidade de prestar todos os esclarecimentos e todas as explicações enquanto recorda o que viveu, o que muito justamento nos leva a compreender que nesta matéria, como noutras, nada nem ninguém deve ser esquecido para que a verdade surja em toda a sua crueza, como aqui de novo acontece a partir da imagem e da palavra dita e lida.
Claude Lanzmann é o grande historiador da II Guerra Mundial e do Holocausto no cinema e este era um filme que ele devia e cumpre com toda a justeza histórica e cinematográfica, para nosso conhecimento e completa dilucidação da magna questão do Século XX.
Durante "O Último dos Injustos" ele recupera a imagem de Benjamin Murmelstein dando-lhe a palavra e a oportunidade de prestar todos os esclarecimentos e todas as explicações enquanto recorda o que viveu, o que muito justamento nos leva a compreender que nesta matéria, como noutras, nada nem ninguém deve ser esquecido para que a verdade surja em toda a sua crueza, como aqui de novo acontece a partir da imagem e da palavra dita e lida.
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