“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Umberto Eco (1932-2016)

    Foi uma das grandes personalidades da vida intelectual europeia e mundial desde a segunda metade do Século XX. Semiólogo, filósofo e historiador prestigiado, professor, jornalista e também escritor, estabeleceu um patamar de dignidade e credibilidade em tudo o que escreveu, disse, comentou.
    O meu primeiro contacto pessoal com a sua obra deu-se com o romance histórico "O Nome da Rosa", nem sequer por causa do filme de Jean-Jacques Annaud (1986). E vai ser como romancista, historiador, filósofo e semiólogo que ele vai permanecer mesmo depois da sua morte.  
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    Não teve pejo em, como Roland Barthes, estudar a imagem banal, a imagem publicitária mais vulgar a partir da semiótica, em que, com Gilles Deleuze, recuperou o entretanto esquecido fundador da semiótica moderna, o americano Charles Sanders Pierce (1839-1914). Mas seu pensamento filosófico vai muito além disso, até porque é de uma grande actualidade e erudição. Cultivou o labirinto e a ironia de forma superior. E também se interessou pelo cinema, nomeadamente em polémica com Pier Paolo Pasolini em "La struttura assente" (1968) - "A Estrutura Ausente" (São Paulo: Editora Perspectiva, 1997 para a 7ª edição).
    Conseguiu o que ainda hoje é raro: reunir o grande prestígio intelectual e a popularidade que a sua obra de ficção e a sua actividade jornalística lhe deram. "Idade Média", que organizou e está editado em português pela Dom Quixote (2011, 2013, 2014, 2015), culminou um percurso de excelência intelectual, iniciado em 1954 com a sua tese de doutoramento sobre "O Problema Estético em Tomás de Aquino" (não editada em Portugal) da maneira mais digna. Aqui lhe presto a minha homenagem, expresso o meu respeito e a minha gratidão.

1 comentário:

  1. Grande intelectual. Ainda para mais hoje, em que parece que só há espaço para a ultra especialização, a sua posição transversal era muito muito importante. Um abraço :)

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