“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A desmedida

    Com argumento de Aaron Sorkin a partir de livro de Walter Isaacson, "Steve Jobs" de Danny Boyle (2015) é um filme que permite aceder à vida do seu famoso protagonista (1955-2011) a partir de duas apresentações públicas suas, uma em 1988 e a outra em 1998, a do iMac, de que são mostrados os momentos anteriores sem que elas próprias, apresentações, o sejam.
                     
    Daqui resulta que o filme seja um concentrado da vida de Steve Jobs, em que se misturam elementos profissionais ligados à sua actividade febril e em concorrência na criação de novos computadores e a sua vida privada, da sua paternidade à sua filiação.
     Passa, assim, por diálogos vertiginosos nos bastidores das duas apresentações, salvo no final com a filha Lisa Brennan/Perla Haney-Jarrdine em interiores, e também por flashbacks que recuperam situações passadas entre as mesmas personagens do presente. Os diálogos tornam-se confrontos entre personagens, sempre muito bem tratados em termos espaciais por Danny Boyle e com grandes interpretações. Notável é o confronto entre Michal Fassbender como Jobs e Kate Winslet como Joanna Hoffman, a sua fiel assistente, que o acompanha de princípio a fim, cuidando dele mas sem o poupar no final. 
                     
     Personalidade muito importante e controversa, Steve Jobs foi decisivo na revolução digital que teve início no final do Século XX, mudou o mundo e a vida de todos nós  e cujos efeitos se continuam a fazer sentir mesmo depois da sua morte. 
     Com uma boa construção formal e narrativa, apesar das suas indiscutíveis qualidades penso que este filme de Danny Boyle se perde excessivamente em labirínticos conflitos de bastidores sem chegar a atingir o nível que o biografado poderia justificar, embora dos seus conflitos nasça alguma luz sobre ele enquanto ser humano, no que talvez se esgote este projecto, nessa justa medida conseguido já que preserva o génio rebelde deste americano comum.

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