O mais recente filme da japonesa Naomi Kawase, "Uma Pastelaria em Tóquio"/"An" (2015), reconduz-nos aos segredos culinários do fabrico de dorayakis com doce de feijão azuki que dá origem ao título original, com argumento da cineasta baseado em romance de Durian Sukegawa.
Filme de uma grande sobriedade e sageza, põe em cena Sentarô/Masatoshi Nagase, o gerente da pastelaria, que contrata Tokue/Kirin Kiki, uma especialista idosa que teve lepra (o que ele inicialmente não sabe), graças à qual o negócio prospera. Intrometem-se a dona do estabelecimento/Miyoko Asada e sobretudo a jovem Wakana/Kyara Uchida, que tem um pássaro e acaba por ser atraída por aquele assunto de mais velhos e por eles.
Entre a mais velha e a mais nova, como entre a mais velha e o pasteleiro, estabelecem-se cumplicidades que passam justamente pelas cerejeiras floridas - e os momentos em que a câmara se perde na floresta constituem mais do que uma pontuação num filme em que a natureza é muito importante... e os feijões "falam" com a protagonista.
Com uma construção formal apreciável e grandes interpretações, "Uma Pastelaria em Tóquio" de Naomi Kawase é mais do que um filme simpático e poético: é um filme muito bom sobre o saber e a passagem das estações do ano, do tempo. Depois da estreia o ano passado de "A Quietude da Água"/"Futatsume no mado" (2014), esta é agora uma cineasta a seguir com atenção.
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