Os italianos Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi são dois cineastas fundamentais dos últimos 40 anos da história do cinema que, na curta e na longa-metragem, vêm trabalhando as imagens documentais de arquivo com grade originalidade e pertinência.
Depois da retrospectiva integral que o Centre Pompidou, em Paris, lhes dedicou entre 25 de Setembro e 15 de Novembro de 2015, o Arte transmitiu na noite passada o seu mais recente filme, "Pays barbare" (2013), que a partir de imagens do fascismo italiano, sobretudo na sua vertente colonial embora comece com a morte do ditador, nos dá um magnífico exemplo do método de trabalho deles.
Trata-se de imagens de época, hoje de arquivo, que no seu carácter de testemunho histórico são submetidas ao retardador, à colorização, à exposição em negativo, à montagem e à sua consequente estetização, por forma a por mais tempo insistentemente permanecerem diante de nós como imagens do filme.
E isto é exemplar do trabalho artístico e vanguardista de Gianikian e Ricci Lucchi, tanto mais interessados no mais antigo quanto ele estiver já degradado por forma que, por vezes, temos apenas fragmentos de imagem já parcialmente delidos, que o contraste, a negativização e a colorização trabalham.
"Pays barbare" de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi é um excelente exemplo do melhor que se pode fazer hoje em dia no documentário contra todos os seus cânones e dogmas mas respeitando sempre a regra de ouro de só usar imagens documentais. Em comentário, as vozes deles chamam a atenção para a actualidade de tudo aquilo, que não deve cair no esquecimento antes ser mostrado e recordado para nossa lição e proveito - se formos disso capazes.
A Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema dedicou-lhes uma importante retrospectiva em 2001 que seria oportuno actualizar agora, já que a dimensão dos dois cineastas não tem parado de crescer e justifica-o.
A Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema dedicou-lhes uma importante retrospectiva em 2001 que seria oportuno actualizar agora, já que a dimensão dos dois cineastas não tem parado de crescer e justifica-o.
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