"Mustang" é a primeira longa-metragem da franco-turca Deniz Gamze Ergüven (2015), com argumento seu e de Alice Winocour que implicou vários anos de preparação - começou a ser escrito em 2011 -, um filme de produção germano-franco-turca multipremiado que desperta a nossa atenção por diversos bons motivos.
Na Turquia os tempos não correm fáceis para ninguém, muito menos para as mulheres jovens numa aldeia perdida do interior. Cinco irmãs orfãs vêem-se acossadas pela família, a avó/Nihal G. Koldas, e um tio, Erol/Ayberk Pekcan, que as fecham em casa e lhes proíbem todos os contactos com o exterior, enquanto a primeira lhes prepara "casamentos arranjados" contra a vontade delas que a elas são supostas chegar virgens. Em poucas palavras, duas aceitam esses casamentos, Sonay/Ilayda Akdogan e Selma/Tugba Sunguroglu, uma mata-se, Ece/Elit Iscan, e as duas últimas, Nur/Doga Zeynep Doguslu e Lale/Günes Sensoy, a mais nova que é a narradora, conseguem fugir.
Muito bem trabalhado em termos fílmicos, este "Mustang" merece a nossa melhor atenção pelo retrato justo a partir do concreto - género e idade - de uma sociedade dividida - o discurso oficial sobre a mulher que as personagens ouvem na televisão - e por saber lidar com um momento fugidio e não esclarecido entre o tio e a sobrinha mais nova, já próximo do seu final, que Lale resolve com um copo de água na cozinha.
A música é apropriada e está bem utilizada neste filme estreado este ano em Portugal que manifesta um desembaraço invejável em termos de cinema que é raro encontrar numa primeira obra, embora seja notória a influência de "As Virgens Suicidas"/"The Virgin Suicides", de Sofia Coppola (1999), que foi também um excelente primeiro filme.
Com a melhor construção formal e actrizes e actores sempre justos em papéis ingratos, "Mustang" de Deniz Gamze Ergüven tem o mérito especial de colocar todas as possibilidades de que a última, a fuga para Istambul liderada pela narradora, surge como a preferível e mais razoável, porque fura o cárcere e o sistema na procura de uma vida livre e melhor.
Na Turquia os tempos não correm fáceis para ninguém, muito menos para as mulheres jovens numa aldeia perdida do interior. Cinco irmãs orfãs vêem-se acossadas pela família, a avó/Nihal G. Koldas, e um tio, Erol/Ayberk Pekcan, que as fecham em casa e lhes proíbem todos os contactos com o exterior, enquanto a primeira lhes prepara "casamentos arranjados" contra a vontade delas que a elas são supostas chegar virgens. Em poucas palavras, duas aceitam esses casamentos, Sonay/Ilayda Akdogan e Selma/Tugba Sunguroglu, uma mata-se, Ece/Elit Iscan, e as duas últimas, Nur/Doga Zeynep Doguslu e Lale/Günes Sensoy, a mais nova que é a narradora, conseguem fugir.
Muito bem trabalhado em termos fílmicos, este "Mustang" merece a nossa melhor atenção pelo retrato justo a partir do concreto - género e idade - de uma sociedade dividida - o discurso oficial sobre a mulher que as personagens ouvem na televisão - e por saber lidar com um momento fugidio e não esclarecido entre o tio e a sobrinha mais nova, já próximo do seu final, que Lale resolve com um copo de água na cozinha.
A música é apropriada e está bem utilizada neste filme estreado este ano em Portugal que manifesta um desembaraço invejável em termos de cinema que é raro encontrar numa primeira obra, embora seja notória a influência de "As Virgens Suicidas"/"The Virgin Suicides", de Sofia Coppola (1999), que foi também um excelente primeiro filme.
Com a melhor construção formal e actrizes e actores sempre justos em papéis ingratos, "Mustang" de Deniz Gamze Ergüven tem o mérito especial de colocar todas as possibilidades de que a última, a fuga para Istambul liderada pela narradora, surge como a preferível e mais razoável, porque fura o cárcere e o sistema na procura de uma vida livre e melhor.
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