“Um não sei quê, que nasce não sei onde,/Vem não sei como, e dói não sei porquê.” Luís de Camões

"Na dor lida sentem bem,/Não as duas que êle teve,/Mas só a que êles não têm." Fernando Pessoa

"Lividos astros,/Soidões lacustres.../Lemes e mastros.../E os alabastros/Dos balaustres!" Camilo Pessanha

"E eu estou feliz ainda./Mas faz-se tarde/e sei que é tempo de continuar." Helder Macedo

"Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." Camilo Pessanha

“Vem, vagamente,/Vem, levemente,/Vem sozinha, solene, com as mãos caídas/Ao teu lado, vem” Álvaro de Campos

"Chove nela graça tanta/que dá graça à fermosura;/vai fermosa, e não segura." Luís de Camões

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O passo seguinte

   Depois do filme que Jorge António lhe dedicou, "Kuduro - Fogo no Museke" (2007), que introduziu a questão, "I Love Kuduro - From Angola to the World", de Mário Patrocínio (2014), dá o passo seguinte sobre esta música e dança angolana, mostrando a evolução entretanto verificada.
   Mais longo e com maior vivacidade que o anterior, este novo filme que só agora vi mostra-nos como essa mistura de house, techno e ritmos tradicionais angolanos, com uma parte de intervenção, uma parte de cultura e uma parte de sentimento, como diz uma das personagens, evoluiu para novas formas. Mas o kuduro é também alegria jubilatória, contagiante.
                       http://www.berlinda.org/pt/wp-content/uploads/2014/08/Jump-Kuduro-_Cr%C3%A9ditos_BRO.jpg
    Além de Luanda, onde no musseque nasceu o kuduro e que continua a ser a sua base, o documentário de Mário Patrocínio leva-nos também a Malange. A aparicão das mininas, passada mais de uma hora do filme, é curta mas significativa e culmina com um travesti.
    Mas o grande trunfo inicial do filme é acompanhar os kuduristas enquanto caminham no seu bairro, o que, juntamente com os depoimentos e os excertos de danças, aponta um caminho em frente, sempre em frente, em marcha acelerada. O que permite que o final muito bem visto, com retardador e acelerado, surja como contrastante.
                      
    Por sua vez, a inserção de imagens de vídeo neste "I Love Kuduro" está muito bem feita, estabelecendo a diferença e impedindo qualquer confusão.
    A internacionalização desta dança tem-se verificado sobretudo em África, do que nos são mostradas imagens de arquivo, o que se compreende embora fosse desejável que ela se verificasse também noutros continentes, pois neste momento é uma excelente apresentação dos angolanos a todo o mundo. Agora o desafio que se coloca é mesmo um filme musical com o kuduro.

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