Atravessam a noite de motorizadas em punho, formam gangs benignos, trocam experiências, vivências, sobretudo fora da escola (secundária). São rebeldes sem causa cuja fúria de viver não se satisfaz com o destino, traçado pelos pais, de uma escolaridade bem comportada e ambiciosa. A ambição deles é outra, viver o tempo que passa uns com os outros, curtir a juventude ao som dos ritmos do seu tempo. As luzes e os ruídos atravessam a noite. De dia eles fogem à rotina escola-casa sempre, e desse modo criam cumplicidades, laços pessoais (os figos, o bilhar), rivalidades e antipatias, mas assim nasce uma nova geração. Cumplicidades e rivalidades, laços e antipatias masculinas, esclareça-se.
Na escola como em casa, Jota/Eduardo Frazão não conta com compreensão, com quem o entenda – isso só no grupo, e ele tem toda a energia, toda a vitalidade e alegria da sua idade. Percorre o espaço noite e dia com o seu gang ou contra outro, e com alguns partilha momentos de amizade mais próxima. O meio é pequeno, cidade grande/pequena em que basta virar várias esquinas para se lhe dar a volta ou voltar ao mesmo sítio. Há a sombra do arvoredo, há a corrente do rio, vento e sombra, água que corre, sol, noite e muita vontade de viver naqueles espaços uma vida inteira no tempo que passa numa idade que não volta. As palavras trocam-se como elementos de afecto ou de hostilidade, os gestos e as expressões dizem por vezes aquilo que as palavras não sabem, não podem, não deixam.